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Rotura Muscular do Peitoral

Rotura Muscular do Peitoral

A cefaleia cervical, ou cefaleia cervicogénica, é uma dor de cabeça que tem origem em problemas na coluna cervical (pescoço) e/ou nos ombros. É uma dor secundária, o que significa que é causada por uma disfunção ou lesão nessas regiões, podendo afetar os componentes ósseos, discais, musculares e nervosos.


Sintomas

A dor da cefaleia cervicogénica geralmente começa na nuca ou no pescoço e irradia para a parte da frente da cabeça, podendo atingir as têmporas, a testa ou a zona atrás dos olhos. As suas características incluem:

  • Dor unilateral ou bilateral: Pode afetar um lado da cabeça, mas a dor pode começar no pescoço e espalhar-se.
  • Intensidade variável: A dor pode ser ligeira a moderada ou intensa.
  • Rigidez no pescoço: Acompanhada de limitação da amplitude de movimento do pescoço.
  • Piora com movimentos do pescoço: A dor agrava-se ao movimentar o pescoço ou com certas posturas.
  • Dor referida: Pode sentir-se dor na face, à volta dos olhos, ou no ombro/braço do mesmo lado.
  • Outros sintomas: Náuseas, vómitos, sensibilidade à luz (fotofobia) e ao som (fonofobia), e em alguns casos, tonturas ou visão turva.

É importante notar que, ao contrário da enxaqueca, a dor cervicogénica não é tipicamente pulsátil e raramente acorda a pessoa durante o sono.


Causas

As causas são diversas e geralmente estão relacionadas com problemas musculoesqueléticos na região cervical:

  • Lesões e traumatismos: Acidentes (como “efeito de chicote” em acidentes de viação), quedas ou lesões desportivas que afetam o pescoço.
  • Disfunções articulares: Problemas nas articulações da coluna cervical, como a articulação atlantoaxial ou a osteoartrite cervical.
  • Hérnias discais: Na região cervical, que podem comprimir nervos.
  • Irritação nervosa: Nervos comprimidos ou irritados na região do pescoço.
  • Tensão muscular e postura incorreta: Stress, má postura prolongada (ex: usar o computador ou telemóvel com a cabeça muito baixa), dormir em posições inadequadas.
  • Bruxismo ou problemas na ATM: A disfunção da articulação temporomandibular pode estar ligada a dores cervicais.

Diagnóstico

O diagnóstico da cefaleia cervicogénica requer uma avaliação cuidadosa, pois pode ser confundida com outros tipos de dores de cabeça. O processo inclui:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre os sintomas, a sua localização, intensidade, duração e fatores que os agravam ou aliviam.
  • Exame físico: Palpação da musculatura e das articulações do pescoço, avaliação da amplitude de movimento cervical, e verificação de pontos de dor ou sensibilidade.
  • Testes específicos: Testes como o de flexão-rotação do pescoço podem indicar limitação de movimento nas vértebras cervicais superiores.
  • Exames de imagem: RX, TAC (tomografia axial computorizada) ou RMN (ressonância magnética nuclear) da coluna cervical podem ser solicitados para identificar problemas estruturais como artrose, hérnia discal ou outras doenças na coluna.
  • Bloqueios diagnósticos: Em alguns casos, a injeção de anestésico em nervos ou articulações específicas do pescoço pode confirmar a origem da dor se houver alívio temporário dos sintomas.

Tratamento

O tratamento visa aliviar a dor de cabeça e resolver o problema subjacente no pescoço:

  • Medicação: Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser usados para o alívio da dor. Em alguns casos, relaxantes musculares ou outros medicamentos específicos podem ser prescritos.
  • Fisioterapia: É um pilar fundamental do tratamento. Inclui exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos do pescoço e ombros, terapia manual, mobilizações articulares e técnicas de reeducação postural.
  • Reprogramação postural: Correção de hábitos posturais inadequados no dia a dia e no trabalho.
  • Bloqueios nervosos ou articulares: Injeções de anestésicos ou corticosteroides em nervos ou articulações específicas podem proporcionar alívio da dor.
  • Radiofrequência: Em casos em que os bloqueios são eficazes, mas o efeito é temporário, a denervação por radiofrequência pode ser uma opção para um alívio mais duradouro.
  • Terapia de relaxamento e controlo do stress: Para gerir a tensão muscular associada.
  • Cirurgia: Raramente necessária, é reservada para casos muito específicos e que não respondem a outros tratamentos.

Prevenção

A prevenção da cefaleia cervicogénica passa pela adoção de hábitos saudáveis e pela correção de fatores de risco:

  • Manter uma boa postura: Evitar posturas prolongadas que sobrecarreguem o pescoço e os ombros, especialmente ao usar computadores, telemóveis ou ao ler. Ajustar a ergonomia do local de trabalho.
  • Atividade física regular: Fortalecer os músculos do pescoço e das costas através de exercícios físicos. Alongamentos regulares do pescoço e ombros.
  • Controlar o stress: Técnicas de relaxamento, meditação ou outras atividades que ajudem a reduzir a tensão emocional podem diminuir a tensão muscular.
  • Dormir bem: Usar uma almofada adequada que mantenha o alinhamento da coluna cervical. Evitar dormir em posições que causem torção ou flexão excessiva do pescoço.
  • Hidratação: Manter-se bem hidratado.
  • Evitar sobrecarga física: Não carregar pesos excessivos de forma incorreta.
  • Deixar de fumar: O tabagismo pode afetar a saúde dos discos intervertebrais.

Se sentir dores de cabeça persistentes ou dores no pescoço que irradiam para a cabeça, é fundamental procurar um médico para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

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Tendinopatia supra-espinhoso

Tendinopatia supra-espinhoso

A Tendinopatia do Supra-espinhoso é uma condição comum que afeta o tendão do músculo supra-espinhoso, um dos quatro tendões que formam a coifa dos rotadores (ou manguito rotador) no ombro. Este músculo é crucial para iniciar o movimento de elevação do braço e para a estabilidade do ombro. A tendinopatia envolve a inflamação, irritação e/ou degeneração deste tendão.


Sintomas

Os sintomas da tendinopatia do supra-espinhoso geralmente desenvolvem-se gradualmente e pioram com o tempo:

  • Dor no ombro: É o sintoma principal, sentida na parte frontal ou lateral do ombro, que pode irradiar para o lado do braço, mas raramente desce abaixo do cotovelo. A dor pode ser surda e constante, ou aguda com certos movimentos.
  • Dor ao levantar o braço: A dor agrava-se ao levantar o braço acima da cabeça (abdução) ou ao alcançar objetos. É comum um “arco doloroso”, ou seja, a dor é sentida especialmente entre os 60 e os 120 graus de elevação lateral do braço.
  • Dor noturna: Frequentemente, a dor piora à noite, dificultando o sono, especialmente ao deitar-se sobre o ombro afetado.
  • Fraqueza: Dificuldade em levantar objetos ou realizar tarefas que exigem força no ombro.
  • Rigidez: Pode haver alguma rigidez ou limitação da amplitude de movimento.
  • Crepitação: Sensação de estalo ou ranger no ombro ao movê-lo.

Causas

A tendinopatia do supra-espinhoso é geralmente causada por:

  • Uso excessivo e movimentos repetitivos: Atividades que envolvem elevação repetitiva do braço acima da cabeça (ex: desportos como natação, ténis, andebol; profissões como pintores, eletricistas) podem causar microtraumatismos e desgaste no tendão.
  • Envelhecimento (Degeneração): Com a idade, os tendões perdem elasticidade e a sua capacidade de cicatrização diminui, tornando-os mais suscetíveis a lesões mesmo com atividades diárias. É uma causa muito comum em pessoas com mais de 40 anos.
  • Conflito subacromial (Impingement): Ocorre quando o espaço entre o acrómio (uma projeção óssea da omoplata) e o tendão do supra-espinhoso é estreito. Isso pode ser devido a esporões ósseos no acrómio ou a alterações na cinemática do ombro, levando à compressão e atrito repetitivo do tendão durante o movimento.
  • Traumatismos: Quedas sobre o ombro ou impactos diretos, embora mais frequentemente causem roturas do que apenas tendinopatia.
  • Má postura: Uma postura curvada para a frente pode reduzir o espaço subacromial, contribuindo para o conflito.
  • Fraqueza muscular: Desequilíbrio ou fraqueza dos músculos da coifa dos rotadores (incluindo o próprio supra-espinhoso) e da cintura escapular pode levar a uma mecânica deficiente do ombro e sobrecarga do tendão.

Diagnóstico

O diagnóstico da tendinopatia do supra-espinhoso é feito por um médico (ortopedista ou fisiatra) e inclui:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre os sintomas (localização, tipo de dor, fatores que a agravam, atividades profissionais/desportivas) e o histórico de lesões.
  • Exame físico: Avaliação da amplitude de movimento (ativa e passiva), palpação da região do ombro para identificar pontos de dor, e realização de testes específicos (ex: teste de Neer, teste de Hawkins, teste de Jobe) que reproduzem a dor ou avaliam a força do tendão supra-espinhoso.
  • Exames de imagem:
    • Radiografias (RX): Úteis para identificar alterações ósseas, como esporões no acrómio que podem causar conflito, ou sinais de artrose. Não visualizam diretamente o tendão.
    • Ecografia (ultrassonografia) do ombro: É um exame muito útil e acessível para visualizar o tendão do supra-espinhoso em tempo real, detetar inflamação (tendinopatia, com espessamento ou alterações de ecogenicidade) e bursites associadas. Permite a avaliação dinâmica durante o movimento do ombro.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN) do ombro: É o exame mais detalhado para avaliar o tendão do supra-espinhoso, identificando tendinopatias, inflamação, degeneração e roturas (parciais ou completas), bem como outras lesões dos tecidos moles.

Tratamento

O tratamento da tendinopatia do supra-espinhoso é geralmente conservador (não cirúrgico) e visa reduzir a inflamação, aliviar a dor, restaurar a função e prevenir a progressão da lesão.

  • Medicação:
    • Analgésicos: Para controlo da dor.
    • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Para reduzir a dor e a inflamação.
  • Repouso relativo e modificação de atividades: Evitar atividades que agravem a dor e que coloquem stress excessivo no tendão. Adaptar movimentos e a ergonomia no trabalho.
  • Aplicação de gelo ou calor: O gelo pode ajudar a reduzir a inflamação na fase aguda; o calor pode ser útil para relaxar os músculos e aliviar a rigidez em fases mais crónicas.
  • Fisioterapia: É o pilar do tratamento. Inclui:
    • Controlo da dor e inflamação (com modalidades como ultrassom, eletroterapia, laser).
    • Exercícios de alongamento suave para restaurar a amplitude de movimento.
    • Exercícios de fortalecimento progressivo dos músculos da coifa dos rotadores e da cintura escapular, que são cruciais para melhorar a mecânica do ombro e a estabilidade.
    • Reeducação postural e técnica de movimentos.
  • Infiltrações:
    • Corticosteroides: Injeções de corticosteroides (anti-inflamatórios potentes) e anestésicos na bursa subacromial (espaço onde o tendão desliza) podem proporcionar um alívio rápido da dor e da inflamação. Devem ser usadas com cautela e limitadas em número devido aos potenciais efeitos adversos no tendão.
    • Plasma Rico em Plaquetas (PRP): Uma opção mais recente, onde o plasma do próprio paciente (rico em fatores de crescimento) é injetado para promover a cicatrização. Os resultados ainda são variáveis e requerem mais estudos.
  • Terapia por Ondas de Choque Extracorpórea (ESWT): Pode ser uma opção para tendinopatias crónicas que não respondem a outras abordagens.
  • Cirurgia: Raramente necessária para a tendinopatia isolada. É considerada se o tratamento conservador não for eficaz após vários meses, se houver um conflito subacromial significativo devido a um esporão ósseo que não responde, ou se a tendinopatia progredir para uma rotura. A cirurgia é geralmente artroscópica (minimamente invasiva) e pode envolver a descompressão subacromial (remoção de parte do osso para aumentar o espaço) ou a reparação de pequenas roturas.

Prevenção

A prevenção da tendinopatia do supra-espinhoso foca-se em reduzir a sobrecarga e o desgaste do tendão:

  • Aquecimento e alongamento: Realizar um aquecimento adequado antes de qualquer atividade física que envolva os ombros e alongamentos regulares para manter a flexibilidade.
  • Fortalecimento muscular equilibrado: Manter os músculos da coifa dos rotadores e da cintura escapular fortes e equilibrados. Exercícios específicos para o manguito rotador são cruciais para a estabilidade e a mecânica do ombro.
  • Técnicas corretas: Aprender e aplicar as técnicas adequadas para levantar pesos, arremessar ou realizar movimentos acima da cabeça, evitando sobrecarga ou movimentos bruscos e repetitivos.
  • Ergonomia: Ajustar o posto de trabalho e as atividades diárias para manter uma boa postura e evitar stress repetitivo no ombro.
  • Fazer pausas: Em atividades que exijam movimentos repetitivos do ombro.
  • Evitar o tabagismo: O fumo pode comprometer a saúde dos tendões.
  • Gerir o stress: O stress pode levar a tensão muscular no pescoço e ombros, que pode influenciar a mecânica do ombro.
  • Procurar ajuda médica precocemente: Em caso de dor persistente no ombro, procurar um médico para um diagnóstico e tratamento atempados pode prevenir a progressão da tendinopatia para uma rotura.

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Tendinopatia Coifa Rotadores

Tendinopatia Coifa Rotadores

A Tendinopatia da Coifa dos Rotadores (também conhecida como Tendinopatia do Manguito Rotador) é uma condição comum caracterizada pela inflamação, irritação e/ou degeneração de um ou mais dos quatro tendões que compõem a coifa dos rotadores no ombro. Estes tendões (supra-espinhoso, infra-espinhoso, redondo menor e subescapular) são essenciais para os movimentos de elevação e rotação do braço, bem como para a estabilidade da articulação do ombro.


Sintomas

Os sintomas da tendinopatia da coifa dos rotadores geralmente desenvolvem-se gradualmente e pioram com o tempo:

  • Dor no ombro: É o sintoma principal, sentida na parte frontal ou lateral do ombro, que pode irradiar para o lado do braço, mas raramente desce abaixo do cotovelo. A dor pode ser surda e constante, ou aguda com certos movimentos.
  • Dor ao levantar o braço: A dor agrava-se ao levantar o braço acima da cabeça, ao alcançar objetos ou ao realizar movimentos de rotação do ombro. Pode haver um “arco doloroso” (dor entre os 60 e os 120 graus de elevação do braço).
  • Dor noturna: Frequentemente, a dor piora à noite, dificultando o sono, especialmente ao deitar-se sobre o ombro afetado.
  • Fraqueza: Dificuldade em levantar objetos ou realizar tarefas que exigem força no ombro.
  • Rigidez: Pode haver alguma rigidez ou limitação da amplitude de movimento, embora menos grave do que na capsulite adesiva (ombro congelado).
  • Crepitação: Sensação de estalo ou ranger no ombro ao movê-lo.

Causas

A tendinopatia da coifa dos rotadores é geralmente causada por:

  • Uso excessivo e movimentos repetitivos: Atividades que envolvem elevação repetitiva do braço acima da cabeça (ex: desportos como natação, ténis, andebol; profissões como pintores, eletricistas, carpinteiros) podem causar microtraumatismos e desgaste nos tendões.
  • Envelhecimento (Degeneração): Com a idade, os tendões perdem elasticidade e a sua capacidade de cicatrização diminui, tornando-os mais suscetíveis a lesões mesmo com atividades diárias. É a causa mais comum em pessoas com mais de 40 anos.
  • Conflito subacromial (Impingement): Ocorre quando o espaço entre o acrómio (uma projeção óssea da omoplata) e os tendões da coifa dos rotadores é estreito. Isso pode ser devido a esporões ósseos no acrómio ou a alterações na cinemática do ombro, levando à compressão e atrito repetitivo dos tendões durante o movimento.
  • Traumatismos: Quedas sobre o ombro ou impactos diretos, embora mais frequentemente causem roturas do que apenas tendinopatia.
  • Má postura: Uma postura curvada para a frente pode reduzir o espaço subacromial, contribuindo para o conflito.
  • Fraqueza muscular: Desequilíbrio ou fraqueza dos músculos do manguito rotador e da cintura escapular pode levar a uma mecânica deficiente do ombro e sobrecarga dos tendões.

Diagnóstico

O diagnóstico da tendinopatia da coifa dos rotadores é feito por um médico (ortopedista ou fisiatra) e inclui:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre os sintomas (localização, tipo de dor, fatores que a agravam, atividades profissionais/desportivas) e o histórico de lesões.
  • Exame físico: Avaliação da amplitude de movimento (ativa e passiva), palpação da região do ombro para identificar pontos de dor, e realização de testes específicos (ex: teste de Neer, teste de Hawkins, teste de Jobe) que reproduzem a dor ou avaliam a força dos tendões da coifa.
  • Exames de imagem:
    • Radiografias (RX): Úteis para identificar alterações ósseas, como esporões no acrómio que podem causar conflito, ou sinais de artrose. Não visualizam diretamente os tendões.
    • Ecografia (ultrassonografia) do ombro: É um exame muito útil e acessível para visualizar os tendões da coifa dos rotadores em tempo real, detetar inflamação (tendinopatia, com espessamento ou alterações de ecogenicidade) e bursites associadas. Permite a avaliação dinâmica durante o movimento do ombro.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN) do ombro: É o exame mais detalhado para avaliar o tendão da coifa dos rotadores, identificando tendinopatias, inflamação, degeneração e roturas (parciais ou completas), bem como outras lesões dos tecidos moles (ex: labrum, cartilagem).

Tratamento

O tratamento da tendinopatia da coifa dos rotadores é geralmente conservador (não cirúrgico) e visa reduzir a inflamação, aliviar a dor, restaurar a função e prevenir a progressão da lesão.

  • Medicação:
    • Analgésicos: Para controlo da dor.
    • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Para reduzir a dor e a inflamação.
  • Repouso relativo e modificação de atividades: Evitar atividades que agravem a dor e que coloquem stress excessivo nos tendões. Adaptar movimentos e a ergonomia no trabalho.
  • Aplicação de gelo ou calor: O gelo pode ajudar a reduzir a inflamação na fase aguda; o calor pode ser útil para relaxar os músculos e aliviar a rigidez em fases mais crónicas.
  • Fisioterapia: É o pilar do tratamento. Inclui:
    • Controlo da dor e inflamação (com modalidades como ultrassom, eletroterapia, laser).
    • Exercícios de alongamento suave para restaurar a amplitude de movimento.
    • Exercícios de fortalecimento progressivo dos músculos da coifa dos rotadores e da cintura escapular, que são cruciais para melhorar a mecânica do ombro e a estabilidade.
    • Reeducação postural e técnica de movimentos.
  • Infiltrações:
    • Corticosteroides: Injeções de corticosteroides (anti-inflamatórios potentes) e anestésicos na bursa subacromial podem proporcionar um alívio rápido da dor e da inflamação. Devem ser usadas com cautela e limitadas em número devido aos potenciais efeitos adversos no tendão.
    • Plasma Rico em Plaquetas (PRP): Uma opção mais recente, onde o plasma do próprio paciente (rico em fatores de crescimento) é injetado para promover a cicatrização. Os resultados ainda são variáveis e requerem mais estudos.
  • Terapia por Ondas de Choque Extracorpórea (ESWT): Pode ser uma opção para tendinopatias crónicas que não respondem a outras abordagens.
  • Cirurgia: Raramente necessária para a tendinopatia isolada. É considerada se o tratamento conservador não for eficaz após vários meses, se houver um conflito subacromial significativo devido a um esporão ósseo que não responde, ou se a tendinopatia progredir para uma rotura. A cirurgia é geralmente artroscópica (minimamente invasiva) e pode envolver a descompressão subacromial (remoção de parte do osso para aumentar o espaço) ou a reparação de pequenas roturas.

Prevenção

A prevenção da tendinopatia da coifa dos rotadores foca-se em reduzir a sobrecarga e o desgaste dos tendões:

  • Aquecimento e alongamento: Realizar um aquecimento adequado antes de qualquer atividade física que envolva os ombros e alongamentos regulares para manter a flexibilidade.
  • Fortalecimento muscular equilibrado: Manter os músculos da coifa dos rotadores e da cintura escapular fortes e equilibrados. Exercícios específicos para o manguito rotador são cruciais para a estabilidade e a mecânica do ombro.
  • Técnicas corretas: Aprender e aplicar as técnicas adequadas para levantar pesos, arremessar ou realizar movimentos acima da cabeça, evitando sobrecarga ou movimentos bruscos e repetitivos.
  • Ergonomia: Ajustar o posto de trabalho e as atividades diárias para manter uma boa postura e evitar stress repetitivo no ombro.
  • Fazer pausas: Em atividades que exijam movimentos repetitivos do ombro.
  • Evitar o tabagismo: O fumo pode comprometer a saúde dos tendões.
  • Gerir o stress: O stress pode levar a tensão muscular no pescoço e ombros, que pode influenciar a mecânica do ombro.
  • Procurar ajuda médica precocemente: Em caso de dor persistente no ombro, procurar um médico para um diagnóstico e tratamento atempados pode prevenir a progressão da tendinopatia para uma rotura.

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Rotura da Coifa dos Rotadores

Rotura da Coifa dos Rotadores


A Rotura da Coifa dos Rotadores (ou Rotura do Manguito Rotador, como também é conhecido em Portugal) é uma lesão que afeta um ou mais dos quatro tendões que compõem a coifa dos rotadores: o supra-espinhoso, o infra-espinhoso, o redondo menor e o subescapular. Estes tendões formam uma “coifa” em volta da cabeça do úmero (osso do braço), permitindo e estabilizando os movimentos do ombro, como levantar e rodar o braço. A rotura pode ser parcial (o tendão está danificado, mas não completamente separado) ou completa (o tendão separa-se totalmente do osso).


Sintomas

Os sintomas de uma rotura da coifa dos rotadores podem variar dependendo da gravidade e da causa (aguda ou degenerativa):

  • Dor no ombro: É o sintoma principal. A dor pode ser sentida na parte frontal ou lateral do ombro e pode irradiar para o lado do braço, mas raramente desce abaixo do cotovelo.
    • Dor aguda: Se a rotura for traumática e súbita, a dor é intensa e imediata.
    • Dor crónica: Se a rotura for degenerativa, a dor pode desenvolver-se gradualmente, piorando com o tempo.
  • Dor noturna: É muito comum, especialmente ao deitar-se sobre o ombro afetado, o que pode dificultar o sono.
  • Fraqueza: Dificuldade em levantar o braço acima da cabeça, em alcançar objetos ou em realizar tarefas que exijam força no ombro (ex: pegar numa chávena, abotoar a roupa).
  • Limitação da amplitude de movimento: Dificuldade em mover o ombro em certas direções, como levantar o braço ou rodá-lo.
  • Crepitação: Pode sentir-se um “estalo” ou “raspar” no ombro ao movê-lo.
  • Atrofia muscular: Em roturas crónicas e de longa duração, pode haver um enfraquecimento visível dos músculos do ombro.

Causas

As roturas da coifa dos rotadores podem ser causadas por:

  • Lesões agudas: Um traumatismo súbito e significativo, como uma queda sobre o braço estendido ou sobre o ombro, ou um levantamento brusco de um peso excessivo.
  • Degeneração do tendão (desgaste relacionado com a idade): É a causa mais comum, especialmente em pessoas com mais de 40 anos. Com o envelhecimento, os tendões perdem elasticidade e tornam-se mais frágeis, sendo mais propensos a roturas mesmo com traumatismos mínimos ou atividades diárias.
  • Movimentos repetitivos: Atividades que envolvem elevação repetitiva do braço acima da cabeça (ex: desportos como natação, ténis, andebol; profissões como pintores, eletricistas, carpinteiros) podem causar desgaste e microtraumatismos nos tendões, levando à rotura ao longo do tempo.
  • Conflito subacromial (Impingement): Quando o espaço entre o acrómio (osso do ombro) e os tendões da coifa dos rotadores é estreito, pode haver compressão e atrito repetitivo nos tendões, levando à sua inflamação e, eventualmente, à rotura.
  • Fatores genéticos: Algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para a degeneração dos tendões.
  • Tabagismo: O fumo pode reduzir o fluxo sanguíneo para os tendões, comprometendo a sua saúde e capacidade de cicatrização.

Diagnóstico

O diagnóstico da rotura da coifa dos rotadores é feito por um médico (ortopedista) e inclui:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre os sintomas, o mecanismo da lesão (se houve), atividades profissionais ou desportivas, e o histórico de dor no ombro.
  • Exame físico: O médico irá inspecionar o ombro, palpar para identificar áreas de dor e espasmos, e avaliar a amplitude de movimento (ativa e passiva). Serão realizados testes específicos para avaliar a força de cada músculo da coifa dos rotadores e para tentar reproduzir a dor ou identificar a rotura.
  • Exames de imagem:
    • Radiografias (RX): Podem mostrar esporões ósseos no acrómio que contribuem para o conflito, sinais de artrose ou alterações relacionadas com roturas de longa data. No entanto, não visualizam diretamente os tendões.
    • Ecografia (ultrassonografia) do ombro: É um exame muito útil e acessível para visualizar os tendões da coifa dos rotadores em tempo real, detetar inflamação (tendinopatia), roturas (parciais ou completas) e bursites associadas. É dinâmico e permite avaliar os tendões durante o movimento.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN) do ombro: É o exame mais detalhado para avaliar o tendão da coifa dos rotadores, identificando com precisão a localização, o tamanho e o tipo da rotura (parcial ou completa), bem como a qualidade do músculo e outras lesões associadas (ex: lesões do labrum, artrose). Pode ser realizada com injeção de contraste (artro-RMN) para maior detalhe.

Tratamento

O tratamento da rotura da coifa dos rotadores depende de vários fatores: o tipo e tamanho da rotura, a idade e o nível de atividade do paciente, a duração dos sintomas e a sua resposta ao tratamento. Pode ser conservador ou cirúrgico.

  • Tratamento Conservador (não cirúrgico): É a primeira linha de tratamento para muitas roturas parciais ou degenerativas, especialmente em pacientes mais idosos ou com baixas demandas funcionais.

    • Medicação: Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para controlar a dor e a inflamação.
    • Repouso relativo: Evitar atividades que agravem a dor ou que coloquem stress nos tendões.
    • Aplicação de gelo ou calor: O gelo na fase aguda para reduzir a inflamação; o calor pode ser útil mais tarde para relaxar os músculos e aliviar a rigidez.
    • Fisioterapia: É fundamental. Inclui:
      • Controlo da dor e inflamação (com modalidades como ultrassom, eletroterapia).
      • Restaurar a amplitude de movimento através de alongamentos suaves e mobilizações.
      • Fortalecer os músculos restantes da coifa dos rotadores e os músculos da cintura escapular para compensar a fraqueza e melhorar a estabilidade e a mecânica do ombro.
      • Reeducação postural e técnica de movimentos.
    • Infiltrações: Injeções de corticosteroides (anti-inflamatórios potentes) na bursa subacromial podem aliviar a dor e a inflamação, mas devem ser usadas com cautela e sem serem repetidas com frequência, devido a possíveis efeitos a longo prazo nos tendões.
  • Tratamento Cirúrgico: É geralmente recomendado para roturas completas agudas (especialmente em pacientes jovens e ativos), roturas completas que não respondem ao tratamento conservador após um período de tempo (3-6 meses), ou roturas que progridem e causam fraqueza significativa. O objetivo é reparar o tendão (suturá-lo de volta ao osso).

    • Reparação artroscópica da coifa dos rotadores: É a técnica cirúrgica mais comum. É minimamente invasiva, feita através de pequenas incisões, com o cirurgião a usar uma câmara e instrumentos para reparar o tendão.
    • Reparação aberta: Em alguns casos, pode ser necessária uma cirurgia mais aberta.
    • Descompressão subacromial: Muitas vezes realizada em conjunto com a reparação do tendão, para remover esporões ósseos e aumentar o espaço para os tendões.
    • Reabilitação pós-cirúrgica: A fisioterapia é essencial e intensiva após a cirurgia (começando com imobilização e depois exercícios progressivos) para recuperar a força e a amplitude de movimento total do ombro. Este processo pode levar vários meses.

Prevenção

A prevenção da rotura da coifa dos rotadores foca-se em reduzir a sobrecarga e o desgaste dos tendões:

  • Aquecimento e alongamento: Realizar um aquecimento adequado antes de qualquer atividade física que envolva os ombros e alongamentos regulares para manter a flexibilidade.
  • Fortalecimento muscular: Manter os músculos da coifa dos rotadores e da cintura escapular fortes e equilibrados. Exercícios específicos para o manguito rotador são importantes.
  • Técnicas corretas: Aprender e aplicar as técnicas adequadas para levantar pesos e realizar atividades que envolvam o ombro, evitando sobrecarga ou movimentos bruscos e repetitivos.
  • Ergonomia: Ajustar o posto de trabalho e as atividades diárias para manter uma boa postura e evitar stress repetitivo no ombro.
  • Fazer pausas: Em atividades que exijam movimentos repetitivos do ombro.
  • Evitar o tabagismo: O fumo pode comprometer a saúde dos tendões e a cicatrização.
  • Prevenção de quedas: Especialmente em idosos, para reduzir o risco de lesões agudas.
  • Procurar ajuda médica precocemente: Em caso de dor persistente no ombro, procurar um médico para um diagnóstico e tratamento atempados pode prevenir a progressão para uma rotura.

Em caso de dor persistente no ombro, especialmente se houver fraqueza ou dificuldade em levantar o braço, é fundamental procurar um médico para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

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Omartrose

Omartrose


A Omartrose é o termo médico utilizado para descrever a artrose (ou osteoartrite) do ombro. É uma doença degenerativa crónica que afeta a cartilagem articular da articulação glenoumeral (a principal articulação do ombro, entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoidal da omoplata). Com o tempo, a cartilagem que reveste as extremidades dos ossos desgasta-se, levando ao atrito osso com osso, o que causa dor, rigidez e perda de função.


Sintomas

Os sintomas da omartrose desenvolvem-se geralmente de forma gradual e pioram com o tempo:

  • Dor: O sintoma mais proeminente. A dor é sentida profundamente no ombro e agrava-se com o movimento e com atividades que exigem o uso do braço. Pode ser uma dor surda e constante, mas também pode manifestar-se como pontadas agudas. É frequente a dor noturna, que pode dificultar o sono, especialmente ao deitar-se sobre o ombro afetado.
  • Rigidez: O ombro torna-se progressivamente mais rígido, limitando a capacidade de mover o braço em todas as direções. Tarefas diárias como vestir-se, alcançar objetos altos ou pentear o cabelo tornam-se difíceis.
  • Crepitação: Pode sentir-se ou ouvir-se um som de “estalo”, “ranger” ou “raspar” (crepitação) ao mover o ombro. Isso ocorre devido ao atrito entre as superfícies ósseas desgastadas.
  • Perda de amplitude de movimento: A capacidade de mover o braço e o ombro é progressivamente reduzida, tanto ativamente (o que o paciente consegue mover) como passivamente (o que alguém consegue mover para o paciente).
  • Fraqueza: A dor e a limitação do movimento podem levar a uma fraqueza dos músculos ao redor do ombro, devido à falta de uso ou à própria progressão da doença.

Causas

A omartrose pode ser classificada em primária (sem causa aparente) ou secundária (com uma causa identificável):

  • Omartrose Primária:
    • Envelhecimento: É a causa mais comum. O desgaste natural da cartilagem ocorre com o passar dos anos. Não há uma causa específica identificada além do processo degenerativo inerente ao envelhecimento.
  • Omartrose Secundária:
    • Traumatismos Anteriores: Fraturas do ombro (especialmente da cabeça do úmero ou da cavidade glenoidal), luxações repetidas ou outras lesões na articulação podem danificar a cartilagem e acelerar o desenvolvimento da artrose.
    • Rotura do Manguito Rotador (Cuff Tear Arthropathy): Uma rotura crónica e extensa dos tendões do manguito rotador (especialmente o supra-espinhoso) altera a mecânica da articulação do ombro, levando a um atrito anormal e à degeneração da cartilagem.
    • Artrite Inflamatória: Doenças autoimunes como a artrite reumatoide, artrite psoriática ou espondilite anquilosante podem causar inflamação crónica que destrói a cartilagem.
    • Necrose Avascular da Cabeça do Úmero: Condição em que o suprimento sanguíneo para a cabeça do úmero é interrompido, levando à morte do tecido ósseo e colapso da superfície articular.
    • Infeções: Infeções anteriores da articulação (artrite séptica) podem destruir a cartilagem.
    • Uso excessivo ou sobrecarga: Atividades desportivas ou profissionais que colocam stress repetitivo e elevado sobre a articulação do ombro podem contribuir para o seu desgaste.

Diagnóstico

O diagnóstico da omartrose é feito por um médico (ortopedista) e baseia-se numa combinação de:

  • Histórico Clínico Detalhado: O médico irá questionar sobre o tipo de dor, a sua localização, intensidade, fatores que a agravam ou aliviam, a presença de rigidez, histórico de lesões no ombro, outras doenças e o impacto nos movimentos diários.
  • Exame Físico: O médico irá inspecionar o ombro, palpar para identificar áreas de dor ou inchaço, e avaliar a amplitude de movimento (ativa e passiva), a força muscular e a presença de crepitação ao mover a articulação.
  • Exames de Imagem:
    • Radiografias (RX): São os exames iniciais e mais importantes. As radiografias do ombro mostram o estreitamento do espaço articular (indicando perda de cartilagem), a formação de esporões ósseos (osteófitos) e outras alterações ósseas características da artrose. Podem ser realizadas em várias projeções.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Fornece imagens detalhadas da cartilagem, tendões, ligamentos e outros tecidos moles, sendo útil para avaliar a extensão da degeneração da cartilagem, a presença de roturas do manguito rotador associadas e outras patologias.
    • Tomografia Axial Computorizada (TAC): Pode ser utilizada para uma avaliação mais detalhada das estruturas ósseas e para o planeamento cirúrgico, especialmente em casos de deformidade óssea significativa.
  • Análises de Sangue: Podem ser solicitadas para descartar ou confirmar outros tipos de artrite (ex: artrite reumatoide) ou infeções, se houver suspeita.

Tratamento

O tratamento da omartrose visa aliviar a dor, melhorar a função e retardar a progressão da doença. A abordagem é geralmente progressiva, começando por medidas conservadoras e, se estas falharem, avançando para a cirurgia.

  • Tratamento Conservador (não cirúrgico – primeira linha):
    • Medicação:
      • Analgésicos: Paracetamol para alívio da dor.
      • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Para reduzir a dor e a inflamação.
      • Condroprotetores: Suplementos como glucosamina e condroitina, embora a sua eficácia seja variável e debatida.
      • Outros medicamentos: Em casos de artrite inflamatória (ex: artrite reumatoide), são utilizados medicamentos específicos (DMARDs, biológicos).
    • Modificação de atividades: Evitar ou adaptar atividades que agravam a dor e colocam stress excessivo no ombro.
    • Fisioterapia: É fundamental. Inclui:
      • Exercícios de alongamento e amplitude de movimento para manter a flexibilidade do ombro.
      • Exercícios de fortalecimento dos músculos do manguito rotador e da cintura escapular para melhorar a estabilidade e o suporte da articulação.
      • Modalidades para alívio da dor (calor, frio, ultrassom, eletroterapia).
    • Infiltrações intra-articulares:
      • Corticosteroides: Injeções diretamente na articulação podem proporcionar um alívio temporário e significativo da dor e inflamação.
      • Ácido Hialurónico (Viscossuplementação): Pode ser injetado para tentar melhorar a lubrificação da articulação, mas a sua eficácia no ombro é menos consistente do que noutras articulações (ex: joelho).
      • Plasma Rico em Plaquetas (PRP): Uma opção mais recente e ainda em estudo, com resultados variáveis.
  • Tratamento Cirúrgico: É considerado quando o tratamento conservador não proporciona alívio suficiente da dor e a função do ombro está significativamente comprometida.
    • Artroscopia: Em casos de omartrose leve, pode ser utilizada para realizar uma “limpeza” da articulação (desbridamento, remoção de corpos livres) ou para tratar problemas associados.
    • Substituição da Articulação (Artroplastia do Ombro): É o tratamento mais eficaz para a omartrose avançada.
      • Artroplastia Total do Ombro: Substituição da cabeça do úmero e da cavidade glenoidal por próteses.
      • Hemiartroplastia: Substituição apenas da cabeça do úmero.
      • Artroplastia Reversa do Ombro: É uma opção mais recente e muito eficaz para omartrose associada a roturas extensas e irreparáveis do manguito rotador, ou em casos de artrose em que a glenóide está muito desgastada.
    • Reabilitação Pós-Cirúrgica: A fisioterapia intensiva é crucial após a cirurgia para recuperar a força e a amplitude de movimento do ombro.

Prevenção

A prevenção da omartrose foca-se em reduzir o desgaste da cartilagem e o risco de lesões no ombro:

  • Manter um peso saudável: Embora o ombro não seja uma articulação de suporte de peso, o excesso de peso pode afetar a saúde articular geral e contribuir para a inflamação sistémica.
  • Exercício físico regular: Fortalecer os músculos do ombro (especialmente o manguito rotador e os músculos da cintura escapular) e manter a flexibilidade através de alongamentos adequados.
  • Técnicas corretas: Aprender e aplicar as técnicas adequadas para levantar pesos e realizar atividades que envolvam o ombro, evitando sobrecarga ou movimentos bruscos e repetitivos.
  • Prevenção de lesões: Evitar quedas diretas sobre o ombro ou traumatismos. Usar equipamento de proteção em desportos de contacto.
  • Tratamento adequado de lesões prévias: Garantir que fraturas ou luxações do ombro são tratadas corretamente para minimizar o risco de artrose pós-traumática.
  • Controlo de doenças sistémicas: Gerir eficazmente doenças como a diabetes, doenças da tiroide ou artrite reumatoide, que podem afetar a saúde das articulações.
  • Fazer pausas: Em trabalhos ou atividades que envolvam movimentos repetitivos do ombro.

Se sentir dor persistente e rigidez no ombro, especialmente se houver limitação de movimento progressiva, é importante procurar um médico ortopedista para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

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Omalgia

Omalgia


A Omalgia é o termo médico utilizado para descrever a dor no ombro. Não é um diagnóstico por si só, mas sim um sintoma comum de diversas condições que afetam a articulação do ombro e as estruturas circundantes, como músculos, tendões, ligamentos, bursas e ossos.


Sintomas

A omalgia pode manifestar-se de várias formas, dependendo da causa subjacente. Os sintomas mais comuns incluem:

  • Dor: Pode ser uma dor surda e constante, aguda e pontiaguda, ou em queimação. Pode agravar-se com o movimento, à noite ou em repouso.
  • Rigidez: Dificuldade em mover o ombro em todas as direções ou em direções específicas.
  • Limitação da amplitude de movimento: Incapacidade de levantar o braço acima da cabeça, alcançar as costas ou rodar o ombro.
  • Fraqueza: Dificuldade em levantar objetos ou realizar tarefas que exigem força no ombro.
  • Estalidos ou crepitação: Sons ou sensações de atrito ao mover o ombro.
  • Irradiação da dor: A dor pode espalhar-se para o pescoço, braço (geralmente não abaixo do cotovelo) ou mão, dependendo do nervo ou estrutura afetada.
  • Dor noturna: Frequentemente, a dor piora à noite, dificultando o sono, especialmente ao deitar-se sobre o ombro afetado.

Causas

A omalgia é um sintoma inespecífico que pode ter uma vasta gama de causas, incluindo:

  • Problemas do Manguito Rotador:
    • Tendinopatia do Supra-espinhoso ou de outros tendões: Inflamação ou degeneração dos tendões do manguito rotador devido a uso excessivo ou envelhecimento.
    • Rotura do Tendão do Manguito Rotador: Rotura parcial ou completa de um ou mais tendões, frequentemente do supra-espinhoso.
    • Síndrome de Conflito Subacromial (Impingement): Compressão dos tendões do manguito rotador e da bursa subacromial sob o acrómio.
  • Bursite Subacromial: Inflamação da bursa, um saco cheio de líquido que amortece os tendões.
  • Capsulite Adesiva (Ombro Congelado): Espessamento e encurtamento da cápsula articular, levando a dor e perda progressiva de movimento.
  • Artrite do Ombro:
    • Osteoartrite (Artrose): Desgaste da cartilagem da articulação glenoumeral ou acromioclavicular.
    • Artrite Reumatoide: Doença autoimune que afeta as articulações.
  • Instabilidade do Ombro e Luxações: Sensação de que o ombro sai ou vai sair do lugar.
  • Lesões do Labrum: Roturas no anel de cartilagem (labrum) que aprofunda a cavidade glenoidal.
  • Fraturas: Fraturas da parte proximal do úmero, da clavícula ou da omoplata.
  • Dor Referida:
    • Problemas cervicais: Hérnias discais ou artrose na coluna cervical podem causar dor que irradia para o ombro (radiculopatia cervical).
    • Problemas cardíacos: Em casos raros, a dor no ombro esquerdo pode ser um sinal de angina ou enfarte do miocárdio.
    • Problemas abdominais: Como doenças da vesícula biliar ou do fígado, podem causar dor referida no ombro direito.

Diagnóstico

O diagnóstico da causa da omalgia requer uma avaliação médica completa:

  • Histórico Clínico Detalhado: O médico irá questionar sobre as características da dor (localização, tipo, intensidade, fatores que a agravam ou aliviam), o histórico de lesões, atividades profissionais ou desportivas, e outras doenças.
  • Exame Físico: O médico inspecionará o ombro, palpará a área para identificar pontos de dor ou espasmos, e avaliará a amplitude de movimento (ativa e passiva), a força muscular e a estabilidade. Serão realizados testes específicos para reproduzir a dor ou identificar a estrutura lesionada.
  • Exames de Imagem:
    • Radiografias (RX): Úteis para avaliar estruturas ósseas, como sinais de artrose, fraturas ou esporões ósseos.
    • Ecografia (Ultrassonografia): Permite visualizar os tendões do manguito rotador e as bursas em tempo real, detetando inflamação, tendinopatias e roturas.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ou Artro-RMN: O exame mais detalhado para avaliar tecidos moles (tendões, ligamentos, cápsula articular, labrum) e cartilagem. É crucial para diagnosticar roturas do manguito rotador, lesões do labrum ou capsulite adesiva.
    • Tomografia Axial Computorizada (TAC): Usada para avaliar estruturas ósseas de forma mais detalhada, especialmente em casos de traumatismo.
  • Outros Exames:
    • Análises de Sangue: Podem ser solicitadas para descartar ou confirmar causas inflamatórias (ex: artrite reumatoide) ou infecciosas.
    • Eletroneuromiografia (ENMG): Se houver suspeita de compressão nervosa (radiculopatia cervical).

Tratamento

O tratamento da omalgia visa aliviar a dor, restaurar a função do ombro e tratar a causa subjacente. A abordagem pode ser conservadora ou cirúrgica.

  • Tratamento Conservador (primeira linha na maioria dos casos):
    • Medicação:
      • Analgésicos: Paracetamol.
      • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Para reduzir a dor e a inflamação.
      • Relaxantes Musculares: Se houver espasmos.
    • Repouso Relativo: Evitar atividades que agravem a dor.
    • Aplicação de Calor ou Frio: O gelo pode ajudar a reduzir a inflamação na fase aguda, enquanto o calor pode relaxar os músculos e aliviar a rigidez.
    • Fisioterapia: É fundamental. Inclui:
      • Terapia manual (massagem, mobilizações articulares).
      • Exercícios de alongamento e fortalecimento progressivo dos músculos do manguito rotador e da cintura escapular.
      • Reeducação postural.
      • Uso de modalidades como ultrassom ou eletroterapia.
    • Infiltrações: Injeções de corticosteroides (anti-inflamatórios potentes) e/ou anestésicos diretamente na bursa, articulação ou tendão afetado para alívio rápido da dor e inflamação.
  • Tratamento Cirúrgico: É considerado quando o tratamento conservador não é eficaz após um período adequado, ou em casos de lesões estruturais que exigem reparação (ex: roturas extensas do manguito rotador, lesões do labrum, artrose avançada).
    • Artroscopia do ombro: Técnica minimamente invasiva para reparar tendões, remover tecidos inflamados ou corpos livres, ou realizar descompressão subacromial.
    • Cirurgia aberta: Em casos específicos, como a substituição articular (artroplastia) para artrite avançada.
    • Reabilitação Pós-Cirúrgica: A fisioterapia é essencial após a cirurgia para uma recuperação bem-sucedida.

Prevenção

A prevenção da omalgia foca-se na manutenção da saúde do ombro e na redução dos fatores de risco:

  • Manter uma Boa Postura: Consciente da postura no trabalho, em casa e durante atividades físicas. A ergonomia é crucial.
  • Aquecimento e Alongamento: Realizar um aquecimento adequado antes de qualquer atividade física que envolva os ombros, seguido de alongamentos suaves.
  • Fortalecimento Muscular Equilibrado: Fortalecer os músculos do manguito rotador e os músculos que estabilizam a omoplata para um suporte adequado do ombro.
  • Técnicas Corretas: Aprender e aplicar as técnicas adequadas para levantar pesos e realizar movimentos acima da cabeça, evitando sobrecarga ou movimentos bruscos.
  • Fazer Pausas: Em atividades que exigem movimentos repetitivos do ombro ou posturas prolongadas.
  • Prevenção de Lesões: Usar equipamento de proteção em desportos de contacto.
  • Gerir Doenças Crónicas: Controlar condições como diabetes ou doenças da tiroide, que podem aumentar o risco de problemas no ombro.
  • Gerir o Stress: O stress pode levar a tensão muscular no pescoço e ombros.

Em caso de dor persistente no ombro, é fundamental procurar um médico para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado, que evite a cronicidade do problema.

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Luxação do ombro

Luxação do ombro


A Luxação do Ombro ocorre quando a cabeça do úmero (o osso do braço) é completamente deslocada para fora da sua cavidade na omoplata (cavidade glenoidal). É a luxação de articulação mais comum do corpo humano, devido à grande mobilidade do ombro e à pouca profundidade da cavidade glenoidal.


Sintomas

Os sintomas de uma luxação do ombro são geralmente evidentes e incluem:

  • Dor intensa e súbita: A dor é aguda e imediata no momento da luxação.
  • Deformidade visível: O ombro parece “fora do lugar”, com uma perda do contorno arredondado normal e uma proeminência visível na frente ou atrás.
  • Incapacidade de mover o braço: O paciente é incapaz de mover o ombro ou o braço.
  • Espasmo muscular: Os músculos ao redor do ombro podem entrar em espasmo, contribuindo para a dor e dificuldade de movimento.
  • Dormência ou formigueiro: Pode ocorrer dormência ou formigueiro no braço ou mão se houver compressão ou estiramento de nervos ou vasos sanguíneos.
  • Inchaço e equimose (nódoa negra): Podem surgir na área afetada.

Causas

A luxação do ombro é quase sempre causada por um traumatismo significativo. A direção da luxação (anterior, posterior ou inferior) depende da força aplicada:

  • Luxação Anterior: É a mais comum (cerca de 95% dos casos). Ocorre geralmente quando o braço está levantado para o lado (abdução) e rodado para fora (rotação externa) de forma forçada, como em:
    • Quedas sobre o braço estendido ou sobre o ombro.
    • Desportos de contacto (rugby, futebol) ou desportos de arremesso (andebol, basquetebol).
    • Acidentes rodoviários.
  • Luxação Posterior: Menos comum, ocorre geralmente após convulsões, choque elétrico ou traumatismo direto na parte da frente do ombro.
  • Luxação Inferior (Luxatio Erecta): Muito rara, ocorre quando o braço é forçado a uma posição acima da cabeça.

Diagnóstico

O diagnóstico da luxação do ombro é feito por um médico e inclui:

  • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre o mecanismo da lesão e os sintomas.
  • Exame físico: O ombro será inspecionado para observar a deformidade e a palpação revelará a dor e o espaço vazio onde a cabeça do úmero deveria estar. O médico também avaliará a sensibilidade, a força muscular e a circulação no braço para descartar lesões neurovasculares.
  • Radiografias (RX): São essenciais para confirmar a luxação, a direção do deslocamento e para descartar fraturas associadas (como a fratura da glenoide ou a lesão de Hill-Sachs no úmero).
  • Tomografia Axial Computorizada (TAC) ou Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Podem ser solicitadas após a redução para avaliar lesões de tecidos moles (ex: lesões do labrum glenoidal, como a lesão de Bankart) ou perdas ósseas que possam contribuir para a instabilidade recorrente.

Tratamento

O tratamento imediato de uma luxação do ombro visa recolocar a cabeça do úmero na sua posição normal (redução). O tratamento subsequente foca-se na reabilitação e prevenção de futuras luxações.

  • Redução: É o procedimento de realinhamento do ombro. Deve ser realizada por um profissional de saúde qualificado o mais rapidamente possível para aliviar a dor e evitar complicações. Pode ser feita com anestesia local ou sedação.
  • Imobilização: Após a redução, o ombro é imobilizado com uma tipóia ou sling por um período de 2 a 4 semanas, dependendo da idade do paciente e da presença de lesões associadas.
  • Medicação: Analgésicos e anti-inflamatórios para controlo da dor e inflamação.
  • Fisioterapia: Essencial após a fase inicial de imobilização. O programa de reabilitação inclui:
    • Exercícios de amplitude de movimento para recuperar a mobilidade do ombro.
    • Exercícios de fortalecimento dos músculos do manguito rotador e da cintura escapular para melhorar a estabilidade dinâmica do ombro.
    • Exercícios de proprioceção para melhorar o controlo neuromuscular do ombro.
  • Cirurgia: É considerada em casos de luxações recorrentes, em jovens e atletas com alto risco de recidiva, ou quando há lesões estruturais significativas (ex: lesão de Bankart extensa, grandes perdas ósseas). As técnicas cirúrgicas podem incluir a reparação artroscópica das estruturas lesionadas ou procedimentos abertos para restaurar a estabilidade.

Prevenção

A prevenção da luxação do ombro foca-se em reduzir o risco de novos eventos, especialmente após uma primeira luxação:

  • Fortalecimento muscular: Manter os músculos do manguito rotador e da cintura escapular fortes e equilibrados. Estes músculos são cruciais para a estabilidade dinâmica do ombro.
  • Exercícios de proprioceção: Melhoram a consciência do ombro no espaço e a capacidade de reação a movimentos de risco.
  • Técnicas corretas em desportos: Aprender e aplicar as técnicas adequadas para evitar posições de risco que possam levar à luxação.
  • Uso de equipamento de proteção: Em desportos de contacto ou de alto risco.
  • Evitar posições de risco: Em atividades diárias, evitar posições extremas de abdução e rotação externa do braço.
  • Reabilitação adequada após a primeira luxação: Seguir rigorosamente o plano de fisioterapia para fortalecer o ombro e reduzir o risco de recorrência.

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Instabilidade do ombro

Instabilidade do ombro


A Instabilidade do Ombro ocorre quando a cabeça do úmero (osso do braço) não se mantém firmemente centrada na cavidade glenoidal da omoplata, uma cavidade rasa que faz parte da articulação do ombro. Esta condição faz com que o ombro seja propenso a deslizar parcial (subluxação) ou totalmente (luxação) para fora da articulação.


Sintomas

Os sintomas da instabilidade do ombro podem variar dependendo da gravidade e da frequência dos episódios de subluxação ou luxação:

  • Dor: A dor é um sintoma comum, especialmente durante ou após um episódio de subluxação ou luxação. Pode ser uma dor aguda e súbita ou uma dor constante e surda no ombro.
  • Sensação de “soltura” ou “desencaixe”: O paciente pode sentir que o ombro está prestes a sair do lugar ou que “salta” ao realizar certos movimentos.
  • Apreensão: Um medo ou receio de mover o braço em determinadas posições (especialmente abdução e rotação externa) porque sente que o ombro pode luxar novamente.
  • Estalos ou cliques: Pode ouvir ou sentir estalos ou cliques no ombro.
  • Fraqueza: A dor e a instabilidade podem levar a uma sensação de fraqueza no ombro ou no braço.
  • Perda de amplitude de movimento: Após um episódio de luxação, o ombro pode ficar rígido e doloroso, com dificuldade em mover o braço.
  • Deformidade (em caso de luxação): O ombro pode parecer visivelmente fora do lugar.

Causas

A instabilidade do ombro resulta de um ou mais fatores que comprometem a estabilidade da articulação. O ombro é a articulação mais móvel do corpo, mas esta mobilidade vem com um custo em termos de estabilidade. As causas mais comuns incluem:

  • Traumatismo (Instabilidade Traumática):
    • Luxação do ombro: É a causa mais comum. Uma luxação anterior (cabeça do úmero sai para a frente) é a mais frequente e ocorre geralmente quando o braço está em abdução (levantado para o lado) e rotação externa forçada (ex: queda sobre o braço estendido, desportos de contacto). Após uma primeira luxação, a probabilidade de recorrência é alta, especialmente em jovens.
    • Lesões associadas à luxação: A luxação pode causar danos às estruturas que estabilizam o ombro, como:
      • Lesão de Bankart: Rotura da parte anteroinferior do labrum glenoidal (um anel de cartilagem que aprofunda a cavidade glenoidal).
      • Lesão de Hill-Sachs: Uma pequena depressão ou fratura na parte posterior da cabeça do úmero, causada pelo impacto contra a borda da glenoide durante a luxação.
      • Rotura dos ligamentos glenoumerais: Alongamento ou rotura dos ligamentos que conectam a glenoide ao úmero.
  • Frouxidão Ligamentar (Instabilidade Atraúmatica ou Multidirecional):
    • Algumas pessoas nascem com ligamentos naturalmente mais flexíveis e “elásticos” em todo o corpo (hiperflexibilidade ou hipermobilidade articular). Nestes casos, o ombro pode luxar ou subluxar sem um traumatismo significativo, muitas vezes em várias direções (anterior, posterior e inferior).
  • Disfunção Muscular:
    • Fraqueza ou desequilíbrio dos músculos que estabilizam o ombro, como os músculos do manguito rotador e os músculos da cintura escapular, podem contribuir para a instabilidade.

Diagnóstico

O diagnóstico da instabilidade do ombro é realizado por um médico (ortopedista) e envolve:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá perguntar sobre luxações anteriores (quantas, como ocorreram, em que posição), sensações de “desencaixe”, dor, e nível de atividade física.
  • Exame físico: O médico irá avaliar a amplitude de movimento, a força muscular e a estabilidade do ombro. Serão realizados testes específicos para tentar reproduzir a sensação de instabilidade ou apreensão (ex: teste de apreensão, teste de recolocação, teste de sulco).
  • Exames de imagem:
    • Radiografias (RX): Podem mostrar sinais de luxação anterior, fraturas associadas (como a lesão de Hill-Sachs ou Bankart óssea) e artrose.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ou Artro-RMN: A RMN é o exame mais útil para avaliar as estruturas de tecidos moles do ombro, como o labrum (procurando lesões de Bankart), os ligamentos e os tendões do manguito rotador. A Artro-RMN (com injeção de contraste na articulação) é ainda mais sensível para detetar lesões do labrum.
    • Tomografia Axial Computorizada (TAC) ou Artro-TAC: Pode ser utilizada para uma avaliação mais detalhada das estruturas ósseas e para quantificar perdas ósseas na glenoide ou no úmero.

Tratamento

O tratamento da instabilidade do ombro depende da causa, da gravidade, da frequência dos episódios e do nível de atividade do paciente. Pode ser conservador ou cirúrgico.

  • Tratamento Conservador (primeira linha, especialmente para o primeiro episódio de luxação ou instabilidade atraumática leve):

    • Imobilização: Após uma luxação aguda, o ombro é imobilizado com uma ligadura tipo sling por um curto período para permitir a cicatrização inicial dos tecidos.
    • Medicação: Analgésicos para controlo da dor.
    • Fisioterapia: É crucial. O objetivo é fortalecer os músculos do manguito rotador e os músculos da cintura escapular para melhorar a estabilidade dinâmica do ombro. A fisioterapia também ajuda a restaurar a amplitude de movimento e a proprioceção (a perceção da posição do corpo).
    • Modificação de atividades: Evitar movimentos ou posições que desencadeiam a instabilidade.
  • Tratamento Cirúrgico: É frequentemente recomendado em casos de instabilidade recorrente, em jovens e atletas (devido ao alto risco de novas luxações), ou quando há lesões estruturais significativas (ex: grandes lesões de Bankart, perdas ósseas importantes). O objetivo é restaurar a estabilidade da articulação.

    • Reparação artroscópica de Bankart: A abordagem mais comum, onde o labrum é reparado e os ligamentos são apertados através de pequenas incisões.
    • Outras técnicas artroscópicas: Como a capsuloplastia (apertamento da cápsula articular).
    • Cirurgias abertas: Em casos de grandes perdas ósseas na glenoide ou no úmero (ex: procedimento de Latarjet, onde um pedaço de osso da omoplata é transferido para a glenoide para aumentar a estabilidade).
    • Reabilitação pós-cirúrgica: A fisioterapia é intensiva e essencial após a cirurgia para recuperar a força, a amplitude de movimento e a função total do ombro.

Prevenção

A prevenção da instabilidade do ombro pode ser desafiante, especialmente se houver frouxidão ligamentar natural ou após uma primeira luxação. No entanto, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco:

  • Fortalecimento muscular: Manter os músculos do manguito rotador e os músculos da cintura escapular fortes e equilibrados. Estes músculos são cruciais para a estabilidade dinâmica do ombro.
  • Exercícios de proprioceção: Exercícios que melhoram o sentido de posição e movimento do ombro, ajudando o corpo a reagir mais rapidamente a movimentos de instabilidade.
  • Técnicas corretas em desportos: Aprender e aplicar as técnicas corretas em desportos que envolvem movimentos do ombro, evitando posições de risco.
  • Uso de equipamento de proteção: Em desportos de contacto, usar equipamento que proteja o ombro.
  • Após uma luxação: Seguir rigorosamente o plano de reabilitação com o fisioterapeuta para fortalecer o ombro e reduzir o risco de recorrência. Em jovens, considerar a cirurgia profilática após a primeira luxação traumática pode ser uma opção para prevenir recorrências.

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Fratura do úmero

Fratura do úmero


A Fratura do Úmero é uma lesão que ocorre no úmero, o osso longo que se estende do ombro ao cotovelo. As fraturas do úmero são classificadas de acordo com a sua localização:

  • Fratura da parte proximal do úmero: Ocorre perto do ombro (a mais comum em idosos).
  • Fratura da diáfise do úmero: Ocorre na parte média do osso (a mais comum em adultos jovens).
  • Fratura da parte distal do úmero: Ocorre perto do cotovelo (a menos comum).

Sintomas

Os sintomas de uma fratura do úmero podem incluir:

  • Dor intensa: No local da fratura, que piora com o movimento.
  • Inchaço: Na área afetada.
  • Equimose (nódoa negra): Pode aparecer no braço ou espalhar-se para o peito ou mão.
  • Deformidade: O braço pode parecer visivelmente deformado ou encurtado.
  • Dificuldade em mover o braço: Incapacidade ou dor severa ao tentar levantar ou mover omar o braço.
  • Crepitação: Pode sentir-se um “estalo” ou “raspar” (crepitação) ao tentar mover o braço.
  • Dormência ou formigueiro: Se a fratura estiver a afetar nervos próximos (ex: nervo radial na fratura da diáfise).

Causas

As causas das fraturas do úmero variam consoante a idade e o segmento do osso:

  • Quedas: São a causa mais comum, especialmente em idosos (fraturas proximais do úmero), que podem cair sobre o braço estendido. Em jovens, quedas de altura ou em desportos.
  • Traumatismos diretos: Impactos diretos no braço (ex: acidentes de viação, colisões em desportos).
  • Traumatismos de alta energia: Em pessoas mais jovens e ativas, resultam frequentemente de acidentes graves (automóvel, motociclismo).
  • Osteoporose: Em idosos, a fragilidade óssea causada pela osteoporose aumenta significativamente o risco de fraturas com traumatismos mínimos.
  • Patologias ósseas: Em alguns casos, a fratura pode ocorrer devido a uma doença que enfraquece o osso (fratura patológica), como tumores ósseos ou infeções.

Diagnóstico

O diagnóstico da fratura do úmero é feito por um médico e inclui:

  • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre o mecanismo da lesão, os sintomas e o histórico médico do paciente.
  • Exame físico: Avaliação da dor, inchaço, deformidade, integridade da pele, e exame neurovascular para verificar se há lesão de nervos ou vasos sanguíneos.
  • Radiografias (RX): São os exames de imagem iniciais e essenciais para confirmar a fratura, a sua localização, tipo (transversal, oblíqua, espiral, cominutiva) e o grau de desvio dos fragmentos. São geralmente tiradas em várias projeções.
  • Tomografia Axial Computorizada (TAC): Pode ser solicitada para obter imagens mais detalhadas da fratura, especialmente em fraturas complexas perto das articulações (ombro ou cotovelo), ou para planeamento cirúrgico.
  • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Raramente necessária para o diagnóstico da fratura em si, mas pode ser útil para avaliar lesões de tecidos moles associadas, como tendões do manguito rotador ou ligamentos.

Tratamento

O tratamento da fratura do úmero depende de vários fatores, incluindo a localização e tipo da fratura, o grau de desvio, a idade e o nível de atividade do paciente, e a presença de lesões associadas. Pode ser conservador ou cirúrgico.

  • Tratamento Conservador (não cirúrgico):
    • Imobilização: A maioria das fraturas do úmero, especialmente as sem grande desvio, podem ser tratadas com imobilização.
      • Fraturas proximais: Tala tipo velpeau ou imobilizador de ombro/braço.
      • Fraturas da diáfise: Gesso “em U” (coaptation splint) ou ortótese funcional de úmero (brace).
      • Fraturas distais: Gesso braquiopalmar (acima do cotovelo).
    • Medicação: Analgésicos para controlo da dor.
    • Fisioterapia precoce: Uma vez que a dor aguda esteja controlada e o médico autorize, a fisioterapia é crucial para manter a mobilidade das articulações livres (cotovelo, punho, dedos), prevenir a rigidez e fortalecer os músculos.
  • Tratamento Cirúrgico: É indicado em fraturas com grande desvio, instabilidade, lesões de nervos/vasos, fraturas expostas, ou quando o tratamento conservador não é adequado.
    • Redução aberta e fixação interna (RAFI): Os fragmentos ósseos são realinhados cirurgicamente e fixados com placas, parafusos ou varetas intramedulares.
    • Fixação externa: Usada em casos de fraturas expostas ou com grande lesão de tecidos moles.
    • Artroplastia (prótese): Em casos de fraturas complexas do úmero proximal em idosos, pode ser necessária a substituição da articulação do ombro (hemiartroplastia ou artroplastia total/reversa).
    • Reabilitação pós-cirúrgica: A fisioterapia é essencial e intensiva após a cirurgia para recuperar a força e a amplitude de movimento.

Prevenção

A prevenção da fratura do úmero foca-se na redução do risco de quedas e traumatismos, e na manutenção da saúde óssea:

  • Prevenção de quedas:
    • Em idosos: Remover tapetes soltos, melhorar a iluminação, usar corrimãos nas escadas, instalar barras de apoio na casa de banho.
    • Manter a atividade física para melhorar o equilíbrio e a força muscular.
    • Revisão da medicação que possa causar tonturas.
  • Fortalecimento ósseo (prevenção da osteoporose):
    • Dieta rica em cálcio e vitamina D.
    • Exposição solar adequada para síntese de vitamina D.
    • Exercício físico de carga (caminhada, corrida leve, musculação).
    • Em casos de osteoporose, seguir o tratamento médico prescrito (medicamentos para aumentar a densidade óssea).
  • Prevenção de traumatismos em desportos e atividades:
    • Usar equipamento de proteção adequado.
    • Praticar técnicas seguras em desportos de contacto.
  • Condução segura: Reduzir o risco de acidentes de viação.

É fundamental procurar atendimento médico imediato em caso de suspeita de fratura, para um diagnóstico e tratamento adequados que garantam a melhor recuperação funcional possível.

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Edema Linfático M. Sup

Edema Linfático M. Sup


O “Edema Linfático M. Sup” refere-se ao Linfedema do Membro Superior, ou seja, um inchaço crónico (edema) que ocorre no braço (membro superior) devido a uma acumulação anormal de líquido linfático. Isso acontece quando o sistema linfático, responsável por drenar esse líquido e resíduos do corpo, está danificado ou comprometido e não consegue funcionar corretamente.


Sintomas

Os sintomas do Linfedema do Membro Superior podem desenvolver-se gradualmente ao longo do tempo e incluem:

  • Inchaço (Edema): O principal sintoma é o inchaço do braço, que pode afetar o ombro, o braço, o antebraço e/ou a mão. Inicialmente, o inchaço pode ser intermitente e desaparecer durante a noite, mas com o tempo torna-se mais persistente.
  • Sensação de peso ou aperto: O braço afetado pode parecer pesado, tenso ou cheio.
  • Dor ou desconforto: A dor pode variar de leve a intensa.
  • Alterações na pele: A pele pode tornar-se tensa, brilhante, endurecida (fibrose), espessa ou com alterações na coloração. Podem surgir dobras de pele mais profundas.
  • Redução da flexibilidade: Dificuldade em mover as articulações do ombro, cotovelo, punho ou dedos.
  • Sensação de formigueiro ou dormência: Se o inchaço comprimir os nervos.
  • Risco aumentado de infeções (celulite): A pele com linfedema é mais vulnerável a infeções bacterianas, que causam vermelhidão, calor, dor e febre.

Causas

O Linfedema do Membro Superior é classificado em primário ou secundário:

  • Linfedema Primário:
    • É raro e resulta de um desenvolvimento anormal do sistema linfático desde o nascimento (malformações congénitas). Pode manifestar-se logo na infância ou surgir mais tarde na vida.
  • Linfedema Secundário:
    • É a causa mais comum e ocorre devido a danos no sistema linfático. As principais causas de linfedema do membro superior são:
      • Cirurgia para o cancro da mama: É a causa mais frequente. A remoção de gânglios linfáticos na axila (linfadenectomia axilar) durante a cirurgia do cancro da mama, ou a radioterapia que afeta essa região, pode danificar os vasos linfáticos e prejudicar a drenagem.
      • Radioterapia: Pode causar fibrose e danos aos vasos e gânglios linfáticos em qualquer área tratada.
      • Infeções graves: Infeções que afetam os vasos linfáticos (linfangite) ou gânglios linfáticos (linfadenite), especialmente se forem recorrentes.
      • Traumatismos ou lesões graves: Que danificam os vasos linfáticos (ex: queimaduras, fraturas graves).
      • Tumores: Um tumor pode comprimir ou bloquear os vasos e gânglios linfáticos.

Diagnóstico

O diagnóstico do linfedema do membro superior é feito por um médico e envolve:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre o histórico de cancro (especialmente cancro da mama), cirurgias, radioterapia, infeções, o início do inchaço e outros sintomas.
  • Exame físico: Avaliação do braço afetado, comparação com o outro braço para medir a diferença de volume ou circunferência. Observação das alterações na pele e sensibilidade.
  • Medição do volume/circunferência do braço: Para quantificar o inchaço.
  • Exames complementares (para confirmar o diagnóstico ou excluir outras causas):
    • Linfocintigrafia: É o exame de eleição para avaliar a função do sistema linfático. Um corante radioativo é injetado, e as imagens mostram o fluxo linfático e a presença de bloqueios ou danos.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Pode ajudar a visualizar o edema, a fibrose e a diferenciar o linfedema de outras causas de inchaço.
    • Ecografia (ultrassonografia): Pode ser usada para descartar outras causas de inchaço, como trombose venosa profunda.

Tratamento

O tratamento do linfedema do membro superior visa reduzir o inchaço, gerir os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida. Geralmente, é um tratamento contínuo e não há cura, mas sim controlo da condição. A terapia mais eficaz é a Terapia Descongestiva Complexa (TDC):

  1. Drenagem Linfática Manual (DLM): Uma técnica de massagem suave e rítmica realizada por um fisioterapeuta especializado, que estimula o fluxo linfático e ajuda a mover o líquido acumulado.
  2. Enfaixamento Compressivo (Bandagem Multicamadas): Após a DLM, o braço é enfaixado com ligaduras de baixa elasticidade, o que ajuda a manter a redução do inchaço e a prevenir a sua acumulação.
  3. Terapia de Compressão (Vestuário Compressivo): Após a fase de redução do inchaço, são utilizadas mangas de compressão feitas por medida, que devem ser usadas diariamente para manter o braço sem inchaço.
  4. Exercícios Terapêuticos: Exercícios específicos e suaves que ajudam a bombear o líquido linfático, melhoram a mobilidade e fortalecem os músculos.
  5. Cuidados com a pele: Manter a pele hidratada, limpa e protegida para prevenir infeções.
  • Outras abordagens:
    • Cirurgia: Em casos selecionados e avançados, a cirurgia pode ser considerada, como a transferência de gânglios linfáticos ou a anastomose linfático-venosa, para tentar melhorar a drenagem linfática. A lipossucção pode ser usada para remover o excesso de tecido fibroso e gordura em casos crónicos.
    • Medicamentos: Não há medicamentos que curem o linfedema, mas podem ser usados antibióticos para tratar infeções (celulite).

Prevenção

A prevenção do linfedema do membro superior é crucial, especialmente para pessoas em risco (ex: após cirurgia para cancro da mama). As medidas incluem:

  • Educação e monitorização: Pessoas em risco devem ser informadas sobre o linfedema e monitorizadas para detetar os primeiros sinais de inchaço.
  • Cuidados com o braço em risco:
    • Evitar lesões na pele: Proteger o braço de cortes, arranhões, picadas de insetos, queimaduras solares e infeções. Usar luvas ao fazer jardinagem ou trabalhos domésticos.
    • Evitar medições de tensão arterial, injeções ou colheitas de sangue no braço em risco.
    • Manter a pele limpa e hidratada: Prevenir secura e fissuras.
    • Evitar roupas apertadas ou joias: Que possam restringir o fluxo linfático.
    • Manter um peso saudável: A obesidade é um fator de risco para o linfedema.
    • Exercício físico regular e suave: Com o braço em risco, sob orientação profissional, para promover o fluxo linfático.
    • Elevação do braço: Elevar o braço sempre que possível, especialmente durante o repouso.
    • Evitar calor excessivo: Banhos muito quentes ou saunas prolongadas podem dilatar os vasos e agravar o inchaço.

A adesão a estas medidas preventivas e o tratamento precoce do linfedema, caso surja, são essenciais para gerir a condição e melhorar a qualidade de vida.

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