Bursite olecraniana
Bursite olecraniana
A Bursite Olecraniana é a inflamação da bursa olecraniana, um pequeno saco cheio de líquido localizado na parte de trás do cotovelo, entre a pele e a ponta óssea do cotovelo (o olecrânio). A função da bursa é permitir que a pele deslize suavemente sobre o osso durante os movimentos do cotovelo e absorver o impacto. Quando esta bursa inflama, acumula líquido e causa inchaço e dor.
Sintomas
Os sintomas da bursite olecraniana são bastante distintivos:
- Inchaço (Edema): O sintoma mais proeminente é um inchaço visível e palpável na parte de trás do cotovelo, que pode variar de tamanho, por vezes formando uma protuberância semelhante a um “ovo” ou “bola de golfe”.
- Dor: A dor pode ser leve a moderada, especialmente com a pressão direta sobre a bursa ou ao dobrar o cotovelo. Em casos de bursite infetada, a dor pode ser intensa.
- Sensibilidade ao toque: A área inchada é sensível e dolorosa à palpação.
- Vermelhidão e Calor: Se a bursa estiver infetada (bursite séptica), a pele sobre a bursa pode ficar vermelha e quente ao toque.
- Limitação de movimento: A flexão completa do cotovelo pode ser limitada devido à dor e ao inchaço, embora a extensão total possa ser menos afetada.
- Febre e mal-estar: Em casos de bursite infetada, podem ocorrer sintomas sistémicos como febre, calafrios e mal-estar geral.
Causas
As causas da bursite olecraniana podem ser várias:
- Traumatismo Direto: Um impacto direto na ponta do cotovelo (ex: cair sobre o cotovelo, bater o cotovelo numa superfície dura).
- Pressão Repetitiva: Apoiar-se frequentemente nos cotovelos em superfícies duras (ex: estudar, trabalhar numa secretária), o que lhe confere o apelido de “cotovelo de estudante” ou “cotovelo de oleiro”.
- Atividade Repetitiva: Movimentos repetitivos do cotovelo que causam atrito na bursa.
- Infeção: Uma ferida, arranhão ou picada de inseto na área do cotovelo pode permitir a entrada de bactérias na bursa, levando a uma bursite séptica (infetada). É uma causa comum e grave que requer atenção médica imediata.
- Condições Inflamatórias: Doenças como artrite reumatoide, gota ou pseudogota podem causar inflamação da bursa.
- Pequenas roturas dos tendões do tricípite: Embora não seja uma causa direta, pode haver uma associação com a inflamação da bursa.
Diagnóstico
O diagnóstico da bursite olecraniana é maioritariamente clínico, baseado no histórico do paciente e no exame físico:
- Histórico Clínico: O médico irá questionar sobre o início do inchaço, se houve traumatismo, atividades diárias ou profissionais, e a presença de dor, vermelhidão ou febre.
- Exame Físico: O médico irá inspecionar e palpar a parte de trás do cotovelo para avaliar o inchaço, a sensibilidade, a temperatura da pele e a presença de vermelhidão. A amplitude de movimento do cotovelo também será avaliada.
- Aspiração da Bursa (Punção): Se houver suspeita de infeção (vermelhidão, calor, dor intensa, febre) ou gota, o médico pode aspirar o líquido da bursa com uma agulha. O líquido é então enviado para análise laboratorial para identificar bactérias ou cristais (em caso de gota/pseudogota).
- Exames de Imagem: Raramente são necessários para o diagnóstico da bursite simples. No entanto, podem ser solicitados para descartar outras condições ou complicações:
- Radiografias (RX): Podem ser feitas para descartar fraturas ou esporões ósseos no olecrânio.
- Ecografia (Ultrassonografia): Pode visualizar a bursa inflamada, a quantidade de líquido e a presença de corpos estranhos.
Tratamento
O tratamento da bursite olecraniana depende da sua causa (inflamatória ou infeciosa) e da gravidade dos sintomas:
- Tratamento Conservador (para bursite não infetada):
- Repouso e Proteção: Evitar atividades que coloquem pressão ou stress no cotovelo. Pode ser usado um cotoveleira protetora ou um acolchoado para proteger a área.
- Gelo: Aplicação de compressas frias ou gelo na área afetada para reduzir o inchaço e a dor, especialmente nas primeiras 24-48 horas.
- Medicação:
- Analgésicos: Paracetamol para controlo da dor.
- Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Ibuprofeno, naproxeno para reduzir a dor e a inflamação.
- Aspiração da Bursa: O médico pode aspirar o excesso de líquido da bursa para aliviar a pressão e o inchaço. No entanto, o líquido pode voltar a acumular-se.
- Infiltração de Corticosteroides: Após a aspiração, pode ser injetado um corticosteroide (anti-inflamatório potente) na bursa para reduzir a inflamação.
- Fisioterapia: Uma vez que a inflamação aguda diminua, exercícios suaves de amplitude de movimento podem ser recomendados para manter a flexibilidade do cotovelo.
- Tratamento para Bursite Sética (Infetada):
- Antibióticos: São essenciais e devem ser iniciados rapidamente, geralmente após a aspiração do líquido para cultura. Podem ser administrados oralmente ou, em casos mais graves, por via intravenosa.
- Aspiração e Drenagem: A bursa pode precisar de ser aspirada repetidamente ou, em casos mais graves, ser drenada cirurgicamente para remover o pus.
- Cirurgia (Bursectomia):
- Remoção da bursa (bursectomia): É considerada se a bursite for crónica, persistente, recorrente, se não responder a tratamentos conservadores, ou em casos de infeção que não respondem aos antibióticos e drenagem. A bursa pode ser removida cirurgicamente. A bursa geralmente volta a formar-se normalmente após a remoção.
Prevenção
A prevenção da bursite olecraniana foca-se em evitar a pressão e o traumatismo repetitivo no cotovelo:
- Evitar pressão prolongada: Evitar apoiar-se nos cotovelos em superfícies duras por longos períodos. Utilizar almofadas ou acolchoamento nos cotovelos se a sua atividade profissional ou passatempo exigir.
- Proteger o cotovelo: Usar cotoveleiras protetoras durante atividades desportivas ou trabalhos que envolvam risco de impactos diretos no cotovelo.
- Evitar traumatismos diretos: Ter cuidado para não bater o cotovelo em objetos duros.
- Higiene de feridas: Limpar e desinfetar adequadamente qualquer arranhão ou ferida na parte de trás do cotovelo para prevenir infeções.
- Gerir condições médicas subjacentes: Se tiver artrite reumatoide ou gota, seguir o tratamento médico para controlar a doença e reduzir o risco de inflamação das bursas.