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Edema Linfático M. Sup

O “Edema Linfático M. Sup” refere-se ao Linfedema do Membro Superior, ou seja, um inchaço crónico (edema) que ocorre no braço (membro superior) devido a uma acumulação anormal de líquido linfático. Isso acontece quando o sistema linfático, responsável por drenar esse líquido e resíduos do corpo, está danificado ou comprometido e não consegue funcionar corretamente.


Sintomas

Os sintomas do Linfedema do Membro Superior podem desenvolver-se gradualmente ao longo do tempo e incluem:

  • Inchaço (Edema): O principal sintoma é o inchaço do braço, que pode afetar o ombro, o braço, o antebraço e/ou a mão. Inicialmente, o inchaço pode ser intermitente e desaparecer durante a noite, mas com o tempo torna-se mais persistente.
  • Sensação de peso ou aperto: O braço afetado pode parecer pesado, tenso ou cheio.
  • Dor ou desconforto: A dor pode variar de leve a intensa.
  • Alterações na pele: A pele pode tornar-se tensa, brilhante, endurecida (fibrose), espessa ou com alterações na coloração. Podem surgir dobras de pele mais profundas.
  • Redução da flexibilidade: Dificuldade em mover as articulações do ombro, cotovelo, punho ou dedos.
  • Sensação de formigueiro ou dormência: Se o inchaço comprimir os nervos.
  • Risco aumentado de infeções (celulite): A pele com linfedema é mais vulnerável a infeções bacterianas, que causam vermelhidão, calor, dor e febre.

Causas

O Linfedema do Membro Superior é classificado em primário ou secundário:

  • Linfedema Primário:
    • É raro e resulta de um desenvolvimento anormal do sistema linfático desde o nascimento (malformações congénitas). Pode manifestar-se logo na infância ou surgir mais tarde na vida.
  • Linfedema Secundário:
    • É a causa mais comum e ocorre devido a danos no sistema linfático. As principais causas de linfedema do membro superior são:
      • Cirurgia para o cancro da mama: É a causa mais frequente. A remoção de gânglios linfáticos na axila (linfadenectomia axilar) durante a cirurgia do cancro da mama, ou a radioterapia que afeta essa região, pode danificar os vasos linfáticos e prejudicar a drenagem.
      • Radioterapia: Pode causar fibrose e danos aos vasos e gânglios linfáticos em qualquer área tratada.
      • Infeções graves: Infeções que afetam os vasos linfáticos (linfangite) ou gânglios linfáticos (linfadenite), especialmente se forem recorrentes.
      • Traumatismos ou lesões graves: Que danificam os vasos linfáticos (ex: queimaduras, fraturas graves).
      • Tumores: Um tumor pode comprimir ou bloquear os vasos e gânglios linfáticos.

Diagnóstico

O diagnóstico do linfedema do membro superior é feito por um médico e envolve:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre o histórico de cancro (especialmente cancro da mama), cirurgias, radioterapia, infeções, o início do inchaço e outros sintomas.
  • Exame físico: Avaliação do braço afetado, comparação com o outro braço para medir a diferença de volume ou circunferência. Observação das alterações na pele e sensibilidade.
  • Medição do volume/circunferência do braço: Para quantificar o inchaço.
  • Exames complementares (para confirmar o diagnóstico ou excluir outras causas):
    • Linfocintigrafia: É o exame de eleição para avaliar a função do sistema linfático. Um corante radioativo é injetado, e as imagens mostram o fluxo linfático e a presença de bloqueios ou danos.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Pode ajudar a visualizar o edema, a fibrose e a diferenciar o linfedema de outras causas de inchaço.
    • Ecografia (ultrassonografia): Pode ser usada para descartar outras causas de inchaço, como trombose venosa profunda.

Tratamento

O tratamento do linfedema do membro superior visa reduzir o inchaço, gerir os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida. Geralmente, é um tratamento contínuo e não há cura, mas sim controlo da condição. A terapia mais eficaz é a Terapia Descongestiva Complexa (TDC):

  1. Drenagem Linfática Manual (DLM): Uma técnica de massagem suave e rítmica realizada por um fisioterapeuta especializado, que estimula o fluxo linfático e ajuda a mover o líquido acumulado.
  2. Enfaixamento Compressivo (Bandagem Multicamadas): Após a DLM, o braço é enfaixado com ligaduras de baixa elasticidade, o que ajuda a manter a redução do inchaço e a prevenir a sua acumulação.
  3. Terapia de Compressão (Vestuário Compressivo): Após a fase de redução do inchaço, são utilizadas mangas de compressão feitas por medida, que devem ser usadas diariamente para manter o braço sem inchaço.
  4. Exercícios Terapêuticos: Exercícios específicos e suaves que ajudam a bombear o líquido linfático, melhoram a mobilidade e fortalecem os músculos.
  5. Cuidados com a pele: Manter a pele hidratada, limpa e protegida para prevenir infeções.
  • Outras abordagens:
    • Cirurgia: Em casos selecionados e avançados, a cirurgia pode ser considerada, como a transferência de gânglios linfáticos ou a anastomose linfático-venosa, para tentar melhorar a drenagem linfática. A lipossucção pode ser usada para remover o excesso de tecido fibroso e gordura em casos crónicos.
    • Medicamentos: Não há medicamentos que curem o linfedema, mas podem ser usados antibióticos para tratar infeções (celulite).

Prevenção

A prevenção do linfedema do membro superior é crucial, especialmente para pessoas em risco (ex: após cirurgia para cancro da mama). As medidas incluem:

  • Educação e monitorização: Pessoas em risco devem ser informadas sobre o linfedema e monitorizadas para detetar os primeiros sinais de inchaço.
  • Cuidados com o braço em risco:
    • Evitar lesões na pele: Proteger o braço de cortes, arranhões, picadas de insetos, queimaduras solares e infeções. Usar luvas ao fazer jardinagem ou trabalhos domésticos.
    • Evitar medições de tensão arterial, injeções ou colheitas de sangue no braço em risco.
    • Manter a pele limpa e hidratada: Prevenir secura e fissuras.
    • Evitar roupas apertadas ou joias: Que possam restringir o fluxo linfático.
    • Manter um peso saudável: A obesidade é um fator de risco para o linfedema.
    • Exercício físico regular e suave: Com o braço em risco, sob orientação profissional, para promover o fluxo linfático.
    • Elevação do braço: Elevar o braço sempre que possível, especialmente durante o repouso.
    • Evitar calor excessivo: Banhos muito quentes ou saunas prolongadas podem dilatar os vasos e agravar o inchaço.

A adesão a estas medidas preventivas e o tratamento precoce do linfedema, caso surja, são essenciais para gerir a condição e melhorar a qualidade de vida.