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Edema Linfático M. Sup

Edema Linfático M. Sup


O “Edema Linfático M. Sup” refere-se ao Linfedema do Membro Superior, ou seja, um inchaço crónico (edema) que ocorre no braço (membro superior) devido a uma acumulação anormal de líquido linfático. Isso acontece quando o sistema linfático, responsável por drenar esse líquido e resíduos do corpo, está danificado ou comprometido e não consegue funcionar corretamente.


Sintomas

Os sintomas do Linfedema do Membro Superior podem desenvolver-se gradualmente ao longo do tempo e incluem:

  • Inchaço (Edema): O principal sintoma é o inchaço do braço, que pode afetar o ombro, o braço, o antebraço e/ou a mão. Inicialmente, o inchaço pode ser intermitente e desaparecer durante a noite, mas com o tempo torna-se mais persistente.
  • Sensação de peso ou aperto: O braço afetado pode parecer pesado, tenso ou cheio.
  • Dor ou desconforto: A dor pode variar de leve a intensa.
  • Alterações na pele: A pele pode tornar-se tensa, brilhante, endurecida (fibrose), espessa ou com alterações na coloração. Podem surgir dobras de pele mais profundas.
  • Redução da flexibilidade: Dificuldade em mover as articulações do ombro, cotovelo, punho ou dedos.
  • Sensação de formigueiro ou dormência: Se o inchaço comprimir os nervos.
  • Risco aumentado de infeções (celulite): A pele com linfedema é mais vulnerável a infeções bacterianas, que causam vermelhidão, calor, dor e febre.

Causas

O Linfedema do Membro Superior é classificado em primário ou secundário:

  • Linfedema Primário:
    • É raro e resulta de um desenvolvimento anormal do sistema linfático desde o nascimento (malformações congénitas). Pode manifestar-se logo na infância ou surgir mais tarde na vida.
  • Linfedema Secundário:
    • É a causa mais comum e ocorre devido a danos no sistema linfático. As principais causas de linfedema do membro superior são:
      • Cirurgia para o cancro da mama: É a causa mais frequente. A remoção de gânglios linfáticos na axila (linfadenectomia axilar) durante a cirurgia do cancro da mama, ou a radioterapia que afeta essa região, pode danificar os vasos linfáticos e prejudicar a drenagem.
      • Radioterapia: Pode causar fibrose e danos aos vasos e gânglios linfáticos em qualquer área tratada.
      • Infeções graves: Infeções que afetam os vasos linfáticos (linfangite) ou gânglios linfáticos (linfadenite), especialmente se forem recorrentes.
      • Traumatismos ou lesões graves: Que danificam os vasos linfáticos (ex: queimaduras, fraturas graves).
      • Tumores: Um tumor pode comprimir ou bloquear os vasos e gânglios linfáticos.

Diagnóstico

O diagnóstico do linfedema do membro superior é feito por um médico e envolve:

  • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre o histórico de cancro (especialmente cancro da mama), cirurgias, radioterapia, infeções, o início do inchaço e outros sintomas.
  • Exame físico: Avaliação do braço afetado, comparação com o outro braço para medir a diferença de volume ou circunferência. Observação das alterações na pele e sensibilidade.
  • Medição do volume/circunferência do braço: Para quantificar o inchaço.
  • Exames complementares (para confirmar o diagnóstico ou excluir outras causas):
    • Linfocintigrafia: É o exame de eleição para avaliar a função do sistema linfático. Um corante radioativo é injetado, e as imagens mostram o fluxo linfático e a presença de bloqueios ou danos.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Pode ajudar a visualizar o edema, a fibrose e a diferenciar o linfedema de outras causas de inchaço.
    • Ecografia (ultrassonografia): Pode ser usada para descartar outras causas de inchaço, como trombose venosa profunda.

Tratamento

O tratamento do linfedema do membro superior visa reduzir o inchaço, gerir os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida. Geralmente, é um tratamento contínuo e não há cura, mas sim controlo da condição. A terapia mais eficaz é a Terapia Descongestiva Complexa (TDC):

  1. Drenagem Linfática Manual (DLM): Uma técnica de massagem suave e rítmica realizada por um fisioterapeuta especializado, que estimula o fluxo linfático e ajuda a mover o líquido acumulado.
  2. Enfaixamento Compressivo (Bandagem Multicamadas): Após a DLM, o braço é enfaixado com ligaduras de baixa elasticidade, o que ajuda a manter a redução do inchaço e a prevenir a sua acumulação.
  3. Terapia de Compressão (Vestuário Compressivo): Após a fase de redução do inchaço, são utilizadas mangas de compressão feitas por medida, que devem ser usadas diariamente para manter o braço sem inchaço.
  4. Exercícios Terapêuticos: Exercícios específicos e suaves que ajudam a bombear o líquido linfático, melhoram a mobilidade e fortalecem os músculos.
  5. Cuidados com a pele: Manter a pele hidratada, limpa e protegida para prevenir infeções.
  • Outras abordagens:
    • Cirurgia: Em casos selecionados e avançados, a cirurgia pode ser considerada, como a transferência de gânglios linfáticos ou a anastomose linfático-venosa, para tentar melhorar a drenagem linfática. A lipossucção pode ser usada para remover o excesso de tecido fibroso e gordura em casos crónicos.
    • Medicamentos: Não há medicamentos que curem o linfedema, mas podem ser usados antibióticos para tratar infeções (celulite).

Prevenção

A prevenção do linfedema do membro superior é crucial, especialmente para pessoas em risco (ex: após cirurgia para cancro da mama). As medidas incluem:

  • Educação e monitorização: Pessoas em risco devem ser informadas sobre o linfedema e monitorizadas para detetar os primeiros sinais de inchaço.
  • Cuidados com o braço em risco:
    • Evitar lesões na pele: Proteger o braço de cortes, arranhões, picadas de insetos, queimaduras solares e infeções. Usar luvas ao fazer jardinagem ou trabalhos domésticos.
    • Evitar medições de tensão arterial, injeções ou colheitas de sangue no braço em risco.
    • Manter a pele limpa e hidratada: Prevenir secura e fissuras.
    • Evitar roupas apertadas ou joias: Que possam restringir o fluxo linfático.
    • Manter um peso saudável: A obesidade é um fator de risco para o linfedema.
    • Exercício físico regular e suave: Com o braço em risco, sob orientação profissional, para promover o fluxo linfático.
    • Elevação do braço: Elevar o braço sempre que possível, especialmente durante o repouso.
    • Evitar calor excessivo: Banhos muito quentes ou saunas prolongadas podem dilatar os vasos e agravar o inchaço.

A adesão a estas medidas preventivas e o tratamento precoce do linfedema, caso surja, são essenciais para gerir a condição e melhorar a qualidade de vida.

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Contratura Muscular

Contratura Muscular


Uma Contratura Muscular no Ombro é uma contração involuntária, contínua e persistente de um ou mais músculos da região do ombro e pescoço. Esta contração leva ao encurtamento das fibras musculares, tornando o músculo rígido, tenso e doloroso ao toque, como se tivesse um “nó”. Não é uma lesão aguda como uma distensão, mas sim um estado de contração prolongada.


Sintomas

Os sintomas de uma contratura muscular no ombro são bastante característicos:

  • Dor localizada: O principal sintoma é uma dor surda, constante ou aguda na zona do músculo afetado, que pode irradiar para o pescoço ou braço.
  • Massa palpável ou “nó”: Ao toque, o músculo apresenta-se endurecido e é possível sentir uma área mais tensa ou um “nó” no seu interior.
  • Rigidez: O ombro e/ou o pescoço ficam rígidos, limitando a amplitude de movimento, dificultando tarefas como levantar o braço, virar a cabeça ou alcançar objetos.
  • Sensibilidade ao toque: A área da contratura é dolorosa quando pressionada.
  • Dor à movimentação: A dor pode piorar ao tentar alongar o músculo afetado ou realizar movimentos específicos.
  • Fraqueza muscular: Em alguns casos, a dor e a rigidez podem levar a uma sensação de fraqueza no braço ou ombro.

Causas

As contraturas musculares no ombro são multifatoriais e frequentemente resultam de uma combinação de fatores:

  • Sobrecarga ou esforço excessivo: Atividades que exigem o uso repetitivo ou intenso dos músculos do ombro e pescoço, como levantar pesos, desportos de arremesso, ou trabalhos que envolvem movimentos acima da cabeça.
  • Má postura: Manter posturas incorretas por longos períodos (ex: ao usar o computador com os ombros curvados, dormir em posições inadequadas, ou carregar mochilas pesadas num só ombro).
  • Stress e tensão emocional: O stress e a ansiedade levam à tensão muscular crónica, especialmente na região do pescoço e ombros.
  • Fadiga muscular: Músculos fatigados são mais suscetíveis a contrações involuntárias.
  • Exposição ao frio ou correntes de ar: Pode levar à contração protetora dos músculos.
  • Desidratação e desequilíbrios eletrolíticos: A falta de água e de minerais essenciais (como magnésio e potássio) pode comprometer a função muscular.
  • Movimentos bruscos ou incorretos: Um movimento súbito ou realizado de forma errada pode desencadear uma contratura.
  • Lesões anteriores: Um músculo que já sofreu uma lesão pode ter maior propensão a desenvolver contraturas.

Diagnóstico

O diagnóstico de uma contratura muscular no ombro é primariamente clínico, baseado na avaliação do médico:

  • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre os sintomas, a sua localização, intensidade, duração, fatores desencadeantes e aliviadores, e o histórico de atividades físicas ou profissionais.
  • Exame físico: A palpação do músculo é crucial para identificar a área endurecida, o “nó” ou banda tensa, e a sensibilidade ao toque. O médico também avaliará a amplitude de movimento do ombro e pescoço para identificar limitações.
  • Exames complementares: Geralmente, não são necessários exames de imagem para diagnosticar uma contratura simples, pois estas não são visíveis em RX ou TAC. No entanto, se houver suspeita de outra condição subjacente (como uma tendinite, rotura do manguito rotador ou problema na coluna cervical que cause dor referida), o médico poderá solicitar:
    • Ecografia (ultrassonografia): Pode, por vezes, mostrar alterações na estrutura muscular, mas não é rotineiramente usada para contraturas simples.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Mais usada para excluir outras lesões do ombro (tendões, ligamentos, cartilagens) se o diagnóstico não for claro ou se os sintomas forem persistentes e atípicos.

Tratamento

O tratamento das contraturas musculares no ombro visa aliviar a dor, relaxar o músculo e restaurar a sua função normal:

  • Aplicação de calor: Bolsas de água quente, compressas quentes ou duches quentes ajudam a aumentar o fluxo sanguíneo para o músculo, promovendo o relaxamento e alívio da dor.
  • Repouso relativo: Evitar atividades que agravem a dor. No entanto, o repouso completo e prolongado não é recomendado, pois pode levar à rigidez.
  • Massagem: Massagens localizadas na área da contratura podem ajudar a desfazer o “nó” muscular e a promover o relaxamento das fibras.
  • Alongamentos: Realizar alongamentos suaves e progressivos do músculo afetado, sempre dentro dos limites da dor.
  • Medicação:
    • Analgésicos: Para alívio da dor.
    • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Podem ser usados para reduzir a inflamação, se presente.
    • Relaxantes musculares: Podem ser prescritos em casos de dor mais intensa ou contraturas persistentes, mas devem ser usados com cautela devido aos seus efeitos secundários (ex: sonolência).
  • Fisioterapia: É um componente fundamental do tratamento, especialmente para contraturas recorrentes ou persistentes. O fisioterapeuta pode utilizar:
    • Técnicas de terapia manual (massagens terapêuticas, mobilizações).
    • Eletroterapia (TENS, ultrassom).
    • Cinesioterapia (exercícios de alongamento e fortalecimento específicos).
    • Reeducação postural.
  • Acupuntura: Em alguns casos, pode ser uma opção para o alívio da dor e relaxamento muscular.

Prevenção

A prevenção das contraturas musculares no ombro passa pela adoção de hábitos saudáveis e pela correção de fatores de risco:

  • Manter uma boa postura: Consciência postural ao sentar, trabalhar e durante as atividades diárias. Ajustar a ergonomia do posto de trabalho (altura do monitor, cadeira, teclado).
  • Aquecimento e alongamento: Realizar um aquecimento adequado antes de qualquer atividade física e alongamentos no final.
  • Fortalecimento muscular: Manter os músculos do ombro, pescoço e das costas fortes e equilibrados.
  • Gerir o stress: Praticar técnicas de relaxamento como ioga, meditação, mindfulness ou outras atividades que ajudem a reduzir a tensão emocional.
  • Hidratação adequada: Beber bastante água ao longo do dia para garantir a hidratação dos músculos.
  • Alimentação equilibrada: Garantir uma ingestão suficiente de nutrientes, incluindo minerais como magnésio e potássio.
  • Evitar a sobrecarga: Não exceder os limites dos músculos, aumentando a intensidade e a duração do exercício gradualmente.
  • Fazer pausas: Em atividades que exigem longos períodos na mesma posição, fazer pausas regulares para alongar e movimentar os músculos.
  • Proteger do frio: Agasalhar-se adequadamente em ambientes frios ou com correntes de ar.

Se as contraturas forem frequentes, muito dolorosas ou não melhorarem com as medidas de autocuidado, é aconselhável procurar um médico ou fisioterapeuta para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

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Capsulite adesiva (ombro congelado)

Capsulite adesiva (ombro congelado)


A Capsulite Adesiva, vulgarmente conhecida como “Ombro Congelado”, é uma condição caracterizada por dor e perda progressiva da amplitude de movimento da articulação do ombro. Ocorre devido ao espessamento e encurtamento da cápsula articular (o tecido que envolve a articulação glenoumeral), o que restringe significativamente o movimento.


Sintomas

A capsulite adesiva geralmente progride em três fases distintas, e os sintomas variam em cada uma delas:

  1. Fase Dolorosa (Fase de Congelamento):

    • Dor progressiva: A dor no ombro aumenta gradualmente e piora com o movimento.
    • Dor noturna: A dor é frequentemente mais intensa à noite, dificultando o sono.
    • Rigidez incipiente: Começa a haver alguma perda de movimento, embora a dor seja o sintoma predominante nesta fase. Esta fase pode durar de 6 semanas a 9 meses.
  2. Fase de Congelamento (Fase Rígida):

    • Rigidez acentuada: A dor pode diminuir um pouco, mas a rigidez e a perda de movimento tornam-se mais severas. A capacidade de mover o braço (tanto ativa como passivamente) é significativamente limitada em todas as direções.
    • Dificuldade em tarefas diárias: Atividades simples como vestir-se, pentear o cabelo ou alcançar objetos tornam-se muito difíceis.
    • Esta fase pode durar de 4 a 12 meses.
  3. Fase de Descongelamento (Fase de Resolução):

    • Melhoria gradual da dor: A dor começa a diminuir significativamente.
    • Recuperação gradual da amplitude de movimento: O movimento do ombro começa lentamente a melhorar, embora a recuperação completa possa levar tempo.
    • Esta fase pode durar de 5 a 26 meses, e a recuperação total pode demorar até 2-3 anos em alguns casos.

Causas

A causa exata da capsulite adesiva não é totalmente compreendida em todos os casos (idiopática). No entanto, existem fatores de risco e condições associadas:

  • Idiopática (Primária): Na maioria dos casos, não há uma causa clara.
  • Imobilização prolongada: Manter o ombro imobilizado por um período prolongado após uma lesão, cirurgia ou AVC, aumenta o risco.
  • Diabetes Mellitus: É um fator de risco significativo; pessoas com diabetes têm maior probabilidade de desenvolver capsulite adesiva, e esta pode ser mais grave e difícil de tratar.
  • Outras condições médicas:
    • Doenças da tiroide: Hipotiroidismo e hipertiroidismo.
    • Doença de Parkinson.
    • Doenças cardíacas e cirurgia cardíaca.
    • AVC (Acidente Vascular Cerebral).
  • Traumatismos ou cirurgias prévias no ombro: Podem, por vezes, desencadear a capsulite adesiva, embora a imobilização seja um fator mais direto nestes casos.
  • Sexo e idade: Mais comum em mulheres entre os 40 e 60 anos.

Diagnóstico

O diagnóstico da capsulite adesiva é principalmente clínico, baseado nos sintomas característicos e no exame físico, e na exclusão de outras condições.

  • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre a progressão da dor e da rigidez, o histórico de lesões, cirurgias ou doenças.
  • Exame físico: É crucial. O médico irá avaliar a amplitude de movimento do ombro, tanto ativa (o que o paciente consegue mover) como passiva (o que o médico consegue mover). Na capsulite adesiva, há uma perda de movimento significativa em todas as direções, tanto na mobilidade ativa quanto passiva, o que a distingue de outras condições como tendinopatias ou roturas.
  • Exames de imagem:
    • Radiografias (RX): Geralmente normais nos estágios iniciais, mas podem ajudar a descartar outras causas de dor no ombro, como artrose ou fraturas.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Pode mostrar o espessamento da cápsula articular e ajudar a excluir outras lesões do manguito rotador ou alterações ósseas. Pode também revelar a inflamação da cápsula.
    • Artrografia por RMN: Um corante é injetado na articulação antes da RMN para visualizar melhor a cápsula articular e confirmar a sua contração.

Tratamento

O tratamento da capsulite adesiva é focado no alívio da dor, na recuperação da amplitude de movimento e na gestão das fases da doença. A maioria dos casos melhora com tratamento conservador.

  • Medidas Conservadoras:
    • Medicação:
      • Analgésicos: Para controlar a dor.
      • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Para reduzir a dor e a inflamação.
    • Fisioterapia: É o pilar do tratamento, embora possa ser dolorosa nas fases iniciais. O objetivo é restaurar gradualmente a amplitude de movimento através de:
      • Exercícios de alongamento suave e progressivo.
      • Mobilizações articulares (passivas e assistidas).
      • Técnicas de terapia manual.
      • Modalidades para alívio da dor (calor, frio, ultrassom, eletroterapia).
      • Exercícios de fortalecimento à medida que a mobilidade melhora.
    • Infiltrações intra-articulares: Injeções de corticosteroides (anti-inflamatórios) e anestésicos diretamente na articulação do ombro podem proporcionar um alívio significativo da dor e da inflamação, especialmente na fase dolorosa, permitindo que a fisioterapia seja mais eficaz.
    • Terapia com calor/frio: Ajuda a aliviar a dor e a rigidez.
  • Tratamentos Invasivos (para casos refratários ou graves):
    • Hidrodistensão (Distensão Articular): Injeção de uma grande quantidade de soro fisiológico (com corticosteroide e anestésico) na cápsula articular para esticá-la e romper algumas aderências.
    • Manipulação sob Anestesia: O cirurgião move o ombro de forma forçada sob anestesia geral para romper as aderências. Este procedimento tem riscos e é menos comum atualmente.
    • Liberação Capsular Artroscópica: É um procedimento cirúrgico, realizado por artroscopia (minimamente invasivo), onde o cirurgião corta e remove as aderências da cápsula articular. É reservado para casos graves e refratários, especialmente se a dor persistir e a mobilidade não melhorar após 6-12 meses de tratamento conservador. Após a cirurgia, a fisioterapia intensiva é crucial.

Prevenção

A prevenção da capsulite adesiva nem sempre é possível, especialmente em casos idiopáticos ou associados a doenças sistémicas. No entanto, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco, particularmente em pessoas com fatores predisponentes:

  • Controlo de doenças subjacentes: Pessoas com diabetes, doenças da tiroide ou outras condições associadas devem gerir bem a sua doença.
  • Mobilização precoce após lesão ou cirurgia: Se o ombro tiver sido imobilizado (por fratura, cirurgia ou AVC), é crucial iniciar exercícios de mobilidade o mais rapidamente possível, sob orientação médica ou de fisioterapeuta, para prevenir a rigidez.
  • Evitar imobilização prolongada: Manter o ombro em movimento, mesmo com exercícios suaves, se houver um período de inatividade forçada.
  • Exercício físico regular: Manter a amplitude de movimento e a força do ombro através de exercícios regulares.

Apesar de ser uma condição que pode ser frustrante e dolorosa, a maioria das pessoas com capsulite adesiva recupera a maior parte da sua amplitude de movimento e função, embora o processo possa ser longo e exija paciência e adesão ao tratamento.

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Bursite Acrómio-clavicular

Bursite Acrómio-clavicular


    A Bursite Subacromial é a inflamação da bursa subacromial, um pequeno saco cheio de líquido localizado no ombro, entre os tendões do manguito rotador (especialmente o supra-espinhoso) e o acrómio (osso do ombro). A sua função é reduzir o atrito durante o movimento do braço.


    Sintomas

    Os sintomas da Bursite Subacromial incluem:

    • Dor no ombro: Localizada na parte externa e frontal do ombro, que pode irradiar para o lado do braço, mas raramente abaixo do cotovelo.
    • Dor com movimentos: A dor piora ao levantar o braço acima da cabeça (abdução ou elevação frontal) ou ao alcançar objetos, especialmente num “arco doloroso” entre 60º e 120º.
    • Dor noturna: Frequentemente, a dor é mais intensa à noite, dificultando o sono, especialmente ao deitar-se sobre o ombro afetado.
    • Sensibilidade ao toque: A área sobre a ponta do ombro pode ser dolorosa à palpação.
    • Fraqueza aparente: A dor pode limitar a capacidade de usar o braço, dando uma sensação de fraqueza.

    Causas

    A Bursite Subacromial é geralmente causada por:

    • Movimentos repetitivos: Atividades que envolvem elevação repetitiva do braço acima da cabeça (ex: desportos como natação, ténis, voleibol; profissões como pintores, eletricistas, carpinteiros).
    • Traumatismos: Quedas sobre o ombro ou impactos diretos.
    • Conflito subacromial (Impingement Syndrome): Quando o espaço entre o acrómio e os tendões do manguito rotador (onde a bursa se encontra) é estreito, causando compressão e inflamação da bursa e/ou dos tendões. Pode ser devido a esporões ósseos no acrómio.
    • Roturas do manguito rotador: Uma rotura de um tendão do manguito rotador pode levar à inflamação da bursa adjacente.
    • Má postura: Contribui para um desalinhamento que pode aumentar o atrito na bursa.
    • Doenças inflamatórias: Mais raramente, pode ser parte de uma doença sistémica como artrite reumatoide ou gota.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por um médico (ortopedista ou fisiatra) e inclui:

    • Histórico clínico: O médico irá perguntar sobre os sintomas, atividades, e histórico de lesões.
    • Exame físico: Avaliação da amplitude de movimento, força do ombro, e realização de testes específicos (ex: teste de Neer, teste de Hawkins) que reproduzem a dor ao comprimir a bursa.
    • Exames de imagem:
      • Radiografia (RX): Pode mostrar esporões ósseos no acrómio que contribuem para o conflito.
      • Ecografia (ultrassonografia) do ombro: É muito útil para visualizar a bursa inflamada (espessamento, líquido) e os tendões do manguito rotador, procurando por tendinopatias ou roturas.
      • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Oferece uma visão detalhada da bursa, tendões e outras estruturas moles do ombro, sendo útil para confirmar a inflamação e descartar outras lesões.

    Tratamento

    O tratamento visa reduzir a inflamação, aliviar a dor e restaurar a função do ombro. A maioria dos casos responde a tratamento conservador:

    • Medicação:
      • Analgésicos e Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Para controlar a dor e a inflamação.
    • Repouso relativo: Evitar atividades que agravem a dor.
    • Aplicação de gelo ou calor: O gelo na fase aguda para reduzir a inflamação; o calor pode ser útil mais tarde para relaxar os músculos.
    • Fisioterapia: Essencial para:
      • Reduzir a dor e a inflamação (com modalidades como ultrassom, eletroterapia).
      • Restaurar a amplitude de movimento através de alongamentos.
      • Fortalecer os músculos do manguito rotador e da cintura escapular para melhorar a estabilidade e a mecânica do ombro.
      • Reeducação postural e técnica de movimentos.
    • Infiltrações: Injeções de corticosteroides (anti-inflamatórios potentes) e anestésicos diretamente na bursa subacromial podem proporcionar um alívio rápido da dor e da inflamação.
    • Cirurgia: Raramente é necessária apenas para a bursite isolada. É considerada se o tratamento conservador não for eficaz, especialmente se houver um conflito subacromial significativo devido a um esporão ósseo que não responde, ou se a bursite estiver associada a uma rotura do manguito rotador que necessita de reparação. A cirurgia é geralmente artroscópica (minimamente invasiva).

    Prevenção

    A prevenção da Bursite Subacromial foca-se em reduzir a sobrecarga e o atrito no ombro:

    • Aquecimento e alongamento: Antes de qualquer atividade física que envolva os ombros.
    • Fortalecimento muscular: Manter os músculos do manguito rotador e da cintura escapular fortes e equilibrados.
    • Técnicas corretas: Aprender e aplicar as técnicas adequadas para levantar pesos e realizar movimentos acima da cabeça, evitando sobrecarga ou posições forçadas.
    • Ergonomia: Ajustar o posto de trabalho e as atividades diárias para manter uma boa postura e evitar stress repetitivo no ombro.
    • Fazer pausas: Em atividades que exijam movimentos repetitivos do ombro.
    • Evitar dormir sobre o ombro afetado: Se houver dor.

    Artrite da Articulação Acromioclavicular (AC)

    A Artrite da Articulação Acromioclavicular (AC) é a inflamação e degeneração da cartilagem da articulação onde o acrómio (parte da omoplata) se encontra com a clavícula (osso da “saboneteira”). É uma causa comum de dor na parte superior do ombro.


    Sintomas

    Os sintomas da Artrite da Articulação AC incluem:

    • Dor localizada: A dor é sentida na parte superior do ombro, diretamente sobre a articulação AC. Pode ser aguda ou uma dor constante e surda.
    • Dor ao cruzar o braço: A dor agrava-se ao mover o braço através do corpo (adução horizontal) ou ao levantar o braço acima da cabeça.
    • Sensibilidade à palpação: A articulação AC é dolorosa ao toque ou à pressão.
    • Estalos ou crepitação: Pode haver um som de “estalo” ou “crepitação” ao mover o ombro.
    • Inchaço: Pode haver um inchaço visível na articulação AC.

    Causas

    As causas da Artrite da Articulação AC são geralmente:

    • Desgaste degenerativo (Osteoartrite): É a causa mais comum, resultado do desgaste natural da cartilagem ao longo do tempo.
    • Lesões anteriores: Luxações da articulação AC (separação do ombro) ou fraturas na clavícula/acrómio podem levar ao desenvolvimento de artrite pós-traumática.
    • Movimentos repetitivos ou sobrecarga: Atividades que colocam stress repetitivo na articulação AC, como levantamento de pesos ou desportos de arremesso.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por um médico e inclui:

    • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre a localização da dor, fatores que a agravam, e histórico de lesões ou atividades.
    • Exame físico: Palpação da articulação AC para identificar sensibilidade, e realização de testes específicos (ex: teste de adução horizontal) que reproduzem a dor.
    • Exames de imagem:
      • Radiografias (RX): Essenciais para visualizar o estreitamento do espaço articular, esporões ósseos ou sinais de artrose na articulação AC. Podem ser feitas radiografias comparativas ou com peso para avaliar instabilidade.
      • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Pode ser usada para avaliar a cartilagem e descartar outras patologias associadas.
    • Infiltração diagnóstica: A injeção de um anestésico local na articulação AC pode confirmar o diagnóstico se houver alívio significativo da dor.

    Tratamento

    O tratamento da Artrite da Articulação AC visa aliviar a dor e manter a função:

    • Tratamento Conservador (primeira linha):
      • Medicação: Analgésicos e AINEs para controlo da dor e inflamação.
      • Repouso relativo: Evitar atividades que agravem a dor.
      • Aplicação de gelo ou calor: Para alívio sintomático.
      • Fisioterapia: Exercícios de mobilidade e fortalecimento dos músculos do ombro para apoiar a articulação e melhorar a mecânica.
      • Infiltrações: Injeções de corticosteroides diretamente na articulação AC podem proporcionar alívio temporário da dor.
    • Tratamento Cirúrgico: É considerado quando o tratamento conservador falha e a dor é incapacitante.
      • Resseção distal da clavícula (Procedimento de Mumford): É a cirurgia mais comum, onde uma pequena porção da extremidade distal da clavícula é removida para criar mais espaço na articulação AC e eliminar o atrito ósseo. Pode ser realizada por via aberta ou artroscópica.

    Prevenção

    A prevenção da Artrite da Articulação AC foca-se em reduzir o stress e o desgaste da articulação:

    • Prevenção de lesões: Evitar quedas diretas sobre o ombro ou traumatismos que possam lesar a articulação AC. Usar equipamento de proteção em desportos.
    • Técnicas de levantamento de pesos: Evitar levantar pesos excessivos que coloquem grande stress na articulação AC, especialmente acima da cabeça.
    • Fortalecimento muscular: Manter os músculos do ombro e da cintura escapular fortes e equilibrados para dar suporte à articulação.
    • Manter um peso saudável: Embora o ombro não seja uma articulação de suporte de peso, o bem-estar geral contribui para a saúde articular.

    Se sentir dor persistente na parte superior do ombro, é importante procurar um médico para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

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    Artrite do ombro

    Artrite do ombro


    A Artrite do Ombro é uma condição caracterizada pela inflamação e degeneração da cartilagem que reveste as superfícies das articulações do ombro. O ombro possui duas articulações principais: a articulação glenoumeral (entre a omoplata e o úmero, a principal articulação do ombro) e a articulação acromioclavicular (entre o acrómio da omoplata e a clavícula). A artrite pode afetar uma ou ambas. A forma mais comum é a osteoartrite (ou artrose), uma condição degenerativa, mas outras formas de artrite também podem afetar o ombro.


    Sintomas

    Os sintomas da artrite do ombro geralmente desenvolvem-se gradualmente e podem variar de intensidade:

    • Dor: É o sintoma principal. A dor é frequentemente profunda no ombro e piora com a atividade, especialmente com movimentos que exigem o uso do braço acima da cabeça ou ao levantar pesos. Pode também ser mais intensa à noite, dificultando o sono.
    • Rigidez: O ombro torna-se rígido, limitando a amplitude de movimento. Pode ser difícil realizar tarefas diárias como vestir-se, pentear o cabelo ou alcançar objetos.
    • Crepitação: Pode sentir-se ou ouvir-se um som de “estalo”, “ranger” ou “raspar” (crepitação) ao mover o ombro, devido ao atrito entre as superfícies ósseas sem cartilagem.
    • Perda de mobilidade: A capacidade de mover o braço e o ombro é progressivamente reduzida.
    • Fraqueza: A dor e a perda de movimento podem levar a uma fraqueza dos músculos do ombro.
    • Inchaço: Em alguns tipos de artrite (como a artrite reumatoide), pode haver inchaço e calor na articulação.

    Causas

    As causas da artrite do ombro dependem do tipo de artrite:

    • Osteoartrite (Artrose):
      • Envelhecimento: É a causa mais comum, resultado do desgaste natural da cartilagem ao longo do tempo.
      • Traumatismos anteriores: Fraturas, luxações do ombro ou outras lesões na articulação podem acelerar o desenvolvimento da osteoartrite.
      • Uso excessivo/repetitivo: Atividades que colocam stress repetitivo nas articulações do ombro (ex: certos desportos ou profissões).
    • Artrite Reumatoide: Uma doença autoimune crónica em que o sistema imunitário ataca as próprias articulações do corpo, causando inflamação e destruição da cartilagem. Afeta geralmente múltiplas articulações de forma simétrica.
    • Artrite Pós-traumática: Desenvolve-se após uma lesão significativa no ombro, como uma fratura ou luxação, que danifica a cartilagem.
    • Artrite do Manguito Rotador (Cuff Tear Arthropathy): Ocorre quando uma rotura crónica e de longa data do manguito rotador leva a uma degeneração avançada da articulação do ombro, devido à perda de estabilidade e ao atrito anormal.
    • Outros tipos de artrite: Menos comuns, como artrite psoriática, gota, ou artrite infecciosa.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da artrite do ombro é realizado por um médico e inclui:

    • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre os sintomas (início, duração, intensidade, fatores que os agravam ou aliviam), histórico de lesões no ombro, doenças pré-existentes (como artrite reumatoide) e atividades diárias/profissionais.
    • Exame físico: O médico irá inspecionar o ombro, palpar para identificar áreas de dor ou inchaço, e avaliar a amplitude de movimento (ativa e passiva), força e presença de crepitação.
    • Exames de imagem:
      • Radiografias (RX): São os primeiros exames a serem feitos. Podem mostrar o estreitamento do espaço articular, alterações ósseas (osteófitos) e sinais de artrose.
      • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Fornece imagens detalhadas dos tecidos moles (cartilagem, tendões, ligamentos, músculos) e pode ajudar a avaliar a extensão da degeneração da cartilagem e a identificar roturas do manguito rotador.
      • Tomografia Axial Computorizada (TAC): Pode ser útil para avaliar a estrutura óssea de forma mais detalhada.
    • Análises de sangue: Podem ser solicitadas para descartar ou confirmar outros tipos de artrite (ex: fator reumatoide e anti-CCP para artrite reumatoide).
    • Aspiração articular: Em alguns casos, especialmente se houver suspeita de artrite infecciosa ou gota, pode ser recolhida uma amostra do líquido sinovial da articulação para análise.

    Tratamento

    O tratamento da artrite do ombro visa aliviar a dor, melhorar a função e retardar a progressão da doença. A abordagem pode ser conservadora ou cirúrgica.

    • Tratamento Conservador (primeira linha, especialmente para osteoartrite leve a moderada):
      • Medicação:
        • Analgésicos: Paracetamol para alívio da dor.
        • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Para reduzir a dor e a inflamação.
        • Outros medicamentos: Em casos de artrite reumatoide, são utilizados medicamentos modificadores da doença (DMARDs) e biológicos.
      • Fisioterapia: É fundamental. Inclui exercícios de alongamento para manter a amplitude de movimento, exercícios de fortalecimento dos músculos do manguito rotador e da cintura escapular, e modalidades como calor/frio, ultrassom, eletroterapia.
      • Modificação de atividades: Evitar atividades que agravam a dor e sobrecarregam o ombro.
      • Infiltrações: Injeções de corticosteroides diretamente na articulação podem proporcionar alívio temporário da dor e da inflamação. Injeções de ácido hialurónico (viscossuplementação) podem ser usadas em alguns casos, embora com eficácia variável no ombro.
    • Tratamento Cirúrgico: É considerado quando o tratamento conservador falha em aliviar os sintomas e a dor é incapacitante.
      • Artroscopia: Em casos de artrite leve, pode ser realizada para remover fragmentos de cartilagem soltos (corpos livres) ou para limpar o espaço articular.
      • Substituição da articulação (Artroplastia do Ombro): É a cirurgia mais comum e eficaz para a artrite avançada do ombro.
        • Artroplastia Total do Ombro: Substituição da cabeça do úmero e da cavidade glenoidal por próteses.
        • Hemiartroplastia: Substituição apenas da cabeça do úmero.
        • Artroplastia Reversa do Ombro: Uma opção para artrite associada a roturas extensas do manguito rotador.

    Prevenção

    A prevenção da artrite do ombro, especialmente da osteoartrite, foca-se em reduzir o risco de desgaste da cartilagem e de lesões:

    • Gerir o peso: Manter um peso saudável para reduzir o stress nas articulações, embora o ombro seja menos afetado pelo peso corporal do que as articulações dos membros inferiores.
    • Exercício físico regular: Fortalecer os músculos do ombro e do manguito rotador para proporcionar suporte e estabilidade à articulação.
    • Técnicas adequadas: Aprender e aplicar as técnicas corretas ao levantar pesos e ao realizar atividades desportivas ou profissionais que envolvam o ombro, para evitar sobrecarga ou movimentos incorretos.
    • Prevenção de lesões: Usar equipamento de proteção em desportos de contacto e ter cuidado para evitar quedas.
    • Tratamento adequado de lesões prévias: Garantir que fraturas ou luxações do ombro são tratadas corretamente para minimizar o risco de artrite pós-traumática.
    • Controlo de doenças sistémicas: Gerir eficazmente doenças como a diabetes ou a artrite reumatoide, que podem afetar a saúde das articulações.

    Em caso de dor persistente e rigidez no ombro, é fundamental procurar um médico para um diagnóstico e um plano de tratamento adequados.

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    Ancoragem do Supra-espinhoso

    Tendinopatia do Supra-espinhoso


    A Tendinopatia do Supra-espinhoso é uma inflamação ou degeneração do tendão deste músculo, enquanto a Rotura do Tendão do Supra-espinhoso é uma lesão que pode ser parcial ou completa, resultando na separação das fibras tendinosas.


    Sintomas

    Os sintomas de problemas no tendão do supra-espinhoso incluem:

    • Dor no ombro: Geralmente localizada na parte frontal ou lateral do ombro, podendo irradiar para o braço, mas raramente abaixo do cotovelo.
    • Dor ao levantar o braço: A dor é mais intensa quando se tenta levantar o braço lateralmente (abdução), especialmente num arco específico (entre 60 e 120 graus, conhecido como “arco doloroso”).
    • Dor noturna: A dor pode ser pior à noite, especialmente ao deitar-se sobre o ombro afetado.
    • Fraqueza: Dificuldade em levantar o braço ou em realizar atividades que exijam força no ombro (ex: pegar em objetos).
    • Crepitação: Pode sentir-se um “estalo” ou “raspar” ao mover o ombro.
    • Perda de amplitude de movimento: Rigidez ou limitação na capacidade de mover o ombro.

    Causas

    As causas das tendinopatias e roturas do supra-espinhoso são variadas:

    • Degeneração (envelhecimento): É a causa mais comum. Com a idade, os tendões perdem elasticidade e tornam-se mais suscetíveis a lesões.
    • Movimentos repetitivos: Atividades que envolvem elevação repetitiva do braço acima da cabeça (ex: desportos como natação, ténis; profissões como pintores, eletricistas).
    • Traumatismos: Quedas sobre o ombro, impactos diretos no ombro ou movimentos bruscos e forçados do braço.
    • Sobrecarga aguda: Levantar um peso muito pesado de forma incorreta.
    • Má postura: Contribui para um desequilíbrio muscular e sobrecarga do tendão.
    • Alterações anatómicas: Um acrómio em forma de “gancho” ou esporões ósseos podem reduzir o espaço subacromial, causando compressão e desgaste do tendão (Síndrome de Conflito Subacromial).
    • Fatores genéticos e doenças sistémicas: Algumas pessoas podem ter predisposição ou condições como a diabetes que afetam a saúde dos tendões.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por um médico (ortopedista ou fisiatra) e inclui:

    • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre o tipo de dor, os fatores desencadeantes, atividades profissionais ou desportivas, e histórico de lesões.
    • Exame físico: Avaliação da amplitude de movimento do ombro, palpação para identificar pontos de dor, e realização de testes específicos (ex: teste de Jobe, teste de Neer, teste de Hawkins) para avaliar a força e a dor associadas ao supra-espinhoso e ao manguito rotador.
    • Exames de imagem:
      • Radiografia (RX): Útil para identificar alterações ósseas, como esporões ósseos no acrómio ou sinais de artrose.
      • Ecografia (ultrassonografia) do ombro: É um exame muito útil e acessível para visualizar o tendão do supra-espinhoso em tempo real, detetar inflamação (tendinopatia), roturas e bursites.
      • Ressonância Magnética Nuclear (RMN) do ombro: É o exame mais detalhado para avaliar o tendão do supra-espinhoso, identificando com precisão tendinopatias, roturas (parciais ou completas), degeneração, inflamação e outras lesões dos tecidos moles.

    Tratamento

    O tratamento depende da gravidade da lesão, da idade do paciente, do nível de atividade e da duração dos sintomas. A maioria dos casos de tendinopatia e muitas roturas parciais respondem a tratamento conservador.

    • Tratamento Conservador (primeira linha):

      • Repouso relativo: Evitar atividades que causem dor e sobrecarreguem o ombro.
      • Medicação: Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para controlar a dor e a inflamação.
      • Fisioterapia: É crucial. Inclui:
        • Terapia manual para mobilização do ombro e relaxamento muscular.
        • Cinesioterapia: Exercícios de alongamento para restaurar a amplitude de movimento e exercícios de fortalecimento progressivo dos músculos do manguito rotador e da cintura escapular.
        • Modalidades: Aplicação de calor/frio, ultrassom, eletroterapia.
      • Infiltrações: Injeções de corticosteroides na bursa subacromial podem aliviar a dor e a inflamação, mas devem ser usadas com cautela devido a possíveis efeitos a longo prazo nos tendões.
      • Terapia por Ondas de Choque (ESWT): Pode ser uma opção em tendinopatias crónicas.
    • Tratamento Cirúrgico: É considerado quando o tratamento conservador não é eficaz após 3-6 meses, ou em casos de roturas completas agudas (especialmente em pacientes jovens e ativos), ou roturas que progridem e causam fraqueza significativa. As opções cirúrgicas incluem:

      • Reparação artroscópica do manguito rotador: É a técnica mais comum, minimamente invasiva, onde o cirurgião repara o tendão com recurso a pequenas incisões e uma câmara.
      • Descompressão subacromial: Em casos de síndrome de conflito, pode ser removida uma pequena parte do acrómio para aumentar o espaço e reduzir a compressão do tendão.

    Prevenção

    A prevenção de problemas no tendão do supra-espinhoso envolve:

    • Aquecimento e alongamento: Realizar um aquecimento adequado antes de qualquer atividade física que envolva os ombros e alongamentos regulares.
    • Fortalecimento muscular: Manter os músculos do manguito rotador e da cintura escapular fortes e equilibrados através de exercícios específicos.
    • Técnicas corretas: Aprender e aplicar as técnicas corretas para levantar pesos e realizar atividades que envolvam o ombro, evitando movimentos bruscos ou repetitivos excessivos.
    • Ergonomia: Ajustar o posto de trabalho e as atividades diárias para manter uma boa postura e evitar sobrecarga nos ombros.
    • Pausas: Fazer pausas regulares em atividades que exijam movimentos repetitivos do ombro.
    • Gerir o stress: A tensão muscular relacionada com o stress pode afetar a saúde do ombro.
    • Manter um peso saudável: O excesso de peso pode contribuir para a sobrecarga das articulações.

    Em caso de dor persistente no ombro, é fundamental procurar um médico para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

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    Bloqueio da epifíse distal do Rádio/cúbito

    Bloqueio da epifíse distal do Rádio/cúbito

    O “bloqueio da epífise distal do rádio/cúbito” refere-se a uma situação em que o crescimento ósseo nas extremidades do rádio e/ou do cúbito (os dois ossos do antebraço) é afetado. Isso ocorre na placa de crescimento (epífise), uma área de cartilagem próxima às extremidades dos ossos longos em crianças e adolescentes, responsável pelo seu alongamento. Um “bloqueio” significa que essa placa de crescimento foi danificada e deixou de crescer normalmente, ou cresce de forma assimétrica.


    Sintomas

    Os sintomas de um bloqueio da epífise distal do rádio/cúbito podem incluir:

    • Encurtamento do antebraço: O braço afetado pode parecer mais curto que o outro, uma vez que o osso ou ossos deixaram de crescer ao ritmo normal.
    • Deformidade no punho/mão: Pode haver um desvio ou angulação anormal do punho ou da mão, uma vez que um dos ossos (rádio ou cúbito) pode estar a crescer mais rápido ou mais devagar que o outro, causando um desequilíbrio.
    • Dor: Pode haver dor na região do punho ou do antebraço, especialmente com a atividade.
    • Limitação de movimento: Dificuldade em realizar certos movimentos do punho ou do antebraço (rotação, flexão, extensão).
    • Assimetria visível: A diferença entre os dois antebraços pode ser notória.

    Causas

    A principal causa de um bloqueio da epífise distal do rádio/cúbito é:

    • Traumatismo: Lesões na placa de crescimento, como fraturas, são a causa mais comum. Um impacto direto ou uma força de torção podem danificar as células da placa de crescimento, levando à sua fusão prematura ou a um crescimento assimétrico.
    • Infeções: Infeções ósseas (osteomielite) que afetam a placa de crescimento podem danificá-la.
    • Tumores: Certos tipos de tumores ósseos benignos ou malignos na área da epífise podem afetar o crescimento.
    • Doenças sistémicas: Algumas condições médicas (raras) podem afetar o crescimento ósseo de forma generalizada, incluindo as placas de crescimento.
    • Iatrogénicas: Complicações de cirurgias anteriores na região, onde a placa de crescimento pode ter sido inadvertidamente lesada.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por um médico, geralmente um ortopedista pediátrico, e inclui:

    • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar sobre lesões anteriores, o início dos sintomas e o desenvolvimento do braço.
    • Exame físico: Avaliação da assimetria dos membros, amplitude de movimento do punho e antebraço, e pesquisa de dor à palpação.
    • Radiografias (RX): São essenciais para visualizar as placas de crescimento. São geralmente feitas radiografias comparativas de ambos os antebraços (o afetado e o não afetado) para avaliar as diferenças de comprimento e a condição das placas de crescimento.
    • Tomografia Axial Computorizada (TAC) ou Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Podem ser solicitadas para obter imagens mais detalhadas da placa de crescimento e das estruturas circundantes, especialmente para avaliar a extensão do dano ou a presença de pontes ósseas (barras ósseas) que estejam a impedir o crescimento.

    Tratamento

    O tratamento depende da idade da criança, da extensão do bloqueio de crescimento, do grau de deformidade e do potencial de crescimento residual.

    • Observação: Em casos de bloqueios parciais muito pequenos ou em crianças próximas do final do crescimento, pode ser apenas necessário monitorizar.
    • Cirurgia: Na maioria dos casos sintomáticos, a cirurgia é necessária:
      • Resseção da ponte óssea: Se uma “ponte” ou “barra” óssea tiver formado na placa de crescimento, impedindo o crescimento normal, esta ponte pode ser removida cirurgicamente. É um procedimento delicado que tenta restabelecer o potencial de crescimento.
      • Epifisiodese contralateral: Se o bloqueio for completo e a criança ainda tiver um crescimento significativo, pode ser necessário “bloquear” (epifisiodese) a placa de crescimento do osso saudável do outro braço para que o crescimento seja equilibrado e os braços fiquem com comprimentos semelhantes.
      • Osteotomia corretiva e alongamento ósseo: Em casos de deformidade significativa ou grande diferença de comprimento, pode ser necessário cortar o osso e corrigi-lo (osteotomia) ou utilizar técnicas de alongamento ósseo para igualar os comprimentos.
    • Fisioterapia: Após a cirurgia ou para gerir os sintomas, a fisioterapia é importante para manter a mobilidade e fortalecer os músculos.

    Prevenção

    A prevenção de um bloqueio da epífise distal do rádio/cúbito está principalmente ligada à prevenção e ao tratamento adequado de lesões ósseas em crianças:

    • Prevenção de traumatismos: Praticar desportos com segurança, usar equipamento de proteção adequado e criar ambientes seguros para as crianças.
    • Tratamento imediato e adequado de fraturas: Qualquer fratura que envolva ou esteja próxima de uma placa de crescimento em crianças deve ser avaliada e tratada por um especialista (ortopedista pediátrico) o mais rapidamente possível para minimizar o risco de danos na placa de crescimento.
    • Monitorização: Após uma fratura na zona da placa de crescimento, é crucial um seguimento radiológico cuidadoso durante algum tempo para detetar precocemente qualquer sinal de bloqueio de crescimento.

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    Torcicolo

    Torcicolo


    O Torcicolo é uma condição caracterizada por uma contração involuntária e persistente de um ou mais músculos do pescoço, levando a uma inclinação e/ou rotação anormal da cabeça. O pescoço fica “preso” numa posição, causando dor e dificuldade em movimentar a cabeça. Pode ser agudo (de início súbito e duração limitada) ou crónico.


    Sintomas

    Os sintomas do torcicolo são bastante característicos e incluem:

    • Dor no pescoço: Geralmente localizada num lado do pescoço, que pode variar de leve a intensa. A dor pode piorar ao tentar mover a cabeça ou ao tocar no músculo afetado.
    • Inclinação da cabeça: A cabeça inclina-se para um lado, com o queixo virado para o lado oposto.
    • Rigidez no pescoço: Dificuldade significativa em mover a cabeça para a posição normal.
    • Espasmos musculares: O músculo afetado (frequentemente o esternocleidomastoideo) pode estar tenso, endurecido e sensível ao toque.
    • Dores de cabeça: Podem ocorrer, especialmente na parte de trás da cabeça ou irradiando para a testa.
    • Inchaço: Pode haver um ligeiro inchaço na área do músculo afetado.
    • Elevação do ombro: O ombro do lado afetado pode parecer mais elevado.

    Causas

    As causas do torcicolo podem ser diversas e, por vezes, não é possível identificar uma causa única (idiopático). As mais comuns incluem:

    • Má postura: Dormir em posições desfavoráveis, usar o telemóvel ou computador com o pescoço curvado por longos períodos.
    • Lesões musculares: Esforço excessivo, movimentos bruscos do pescoço ou traumas leves que causam distensão muscular.
    • Stress e tensão emocional: Podem levar a contraturas musculares no pescoço.
    • Exposição ao frio ou correntes de ar: Pode desencadear a contração muscular.
    • Infeções: Em crianças, certas infeções do pescoço ou garganta podem levar a torcicolo (torcicolo inflamatório ou infeccioso).
    • Anomalias congénitas: Em bebés, o torcicolo congénito pode ser causado por um encurtamento do músculo esternocleidomastoideo durante o desenvolvimento no útero ou durante o parto.
    • Problemas na coluna cervical: Hérnias discais ou artrose cervical podem, em casos mais raros, causar torcicolo.
    • Condições neurológicas: Em situações menos comuns, pode ser um sintoma de doenças neurológicas, como o torcicolo espasmódico (distonia cervical), que é uma condição crónica.
    • Medicamentos: Alguns medicamentos podem ter o torcicolo como efeito secundário.

    Diagnóstico

    O diagnóstico do torcicolo é maioritariamente clínico, baseado no histórico do paciente e no exame físico:

    • Histórico clínico: O médico irá perguntar sobre o início dos sintomas, a sua duração, fatores que os agravam ou aliviam, e se houve algum evento desencadeante (traumatismo, má postura).
    • Exame físico: O médico irá observar a posição da cabeça e do pescoço, avaliar a amplitude de movimento do pescoço, palpar os músculos cervicais para identificar dor, espasmos ou “nós”.
    • Exames complementares: Geralmente não são necessários para um torcicolo agudo simples. No entanto, se houver suspeita de uma causa mais grave ou subjacente (lesão óssea, compressão nervosa, tumor, infeção), podem ser solicitados:
      • Radiografia (RX) do pescoço: Para avaliar as estruturas ósseas.
      • Tomografia Axial Computorizada (TAC) ou Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Para visualizar tecidos moles, discos, nervos ou medula espinhal, se houver sintomas neurológicos ou suspeita de problemas mais complexos.
      • Análises de sangue: Em caso de suspeita de infeção ou inflamação.

    Tratamento

    O tratamento do torcicolo visa aliviar a dor, relaxar o músculo e restaurar a mobilidade do pescoço.

    • Medidas conservadoras (para a maioria dos casos agudos):
      • Aplicação de calor: Bolsas de água quente, toalhas quentes ou duches quentes podem ajudar a relaxar os músculos e aliviar a dor.
      • Medicação:
        • Analgésicos: Paracetamol ou AINEs (anti-inflamatórios não esteroides) para controlo da dor e inflamação.
        • Relaxantes musculares: Podem ser prescritos para ajudar a aliviar os espasmos musculares.
      • Repouso relativo: Evitar movimentos que agravem a dor, mas sem imobilizar completamente o pescoço.
      • Fisioterapia: É fundamental para o torcicolo. Inclui massagens suaves, alongamentos progressivos do pescoço e exercícios de mobilidade para restaurar a amplitude de movimento. Em casos de torcicolo congénito em bebés, a fisioterapia é o tratamento de primeira linha e muito eficaz.
    • Outras terapias:
      • Acupuntura: Pode ser utilizada para alívio da dor e relaxamento muscular.
      • Osteopatia ou Quiroprática: Podem ser consideradas, mas devem ser realizadas por profissionais qualificados.
    • Para casos mais persistentes ou específicos:
      • Injeções de toxina botulínica: Em casos de torcicolo espasmódico (distonia cervical), a toxina botulínica é injetada nos músculos afetados para bloquear temporariamente os sinais nervosos e relaxar o músculo.
      • Cirurgia: Raramente necessária para o torcicolo comum. É considerada apenas em casos graves e refratários de torcicolo espasmódico ou torcicolo congénito que não respondeu à fisioterapia.

    Prevenção

    A prevenção do torcicolo centra-se na adoção de hábitos saudáveis e na correção de fatores de risco:

    • Manter uma boa postura: Ao sentar, trabalhar, usar o telemóvel e ao dormir. Ajustar a ergonomia do local de trabalho.
    • Usar uma almofada adequada: A almofada deve suportar o pescoço e manter o alinhamento da coluna cervical enquanto dorme.
    • Evitar dormir em posições desfavoráveis: Especialmente com o pescoço muito torcido ou fletido.
    • Realizar alongamentos regulares: Especialmente se passar muito tempo na mesma posição. Alongar os músculos do pescoço e ombros pode prevenir a tensão.
    • Gerir o stress: Técnicas de relaxamento, como meditação, ioga ou mindfulness, podem ajudar a reduzir a tensão muscular.
    • Proteger o pescoço do frio: Usar cachecóis ou roupas quentes em ambientes frios ou com correntes de ar.
    • Evitar movimentos bruscos: Realizar movimentos do pescoço de forma suave e controlada.
    • Exercício físico regular: Fortalecer os músculos do pescoço e das costas.

    Se o torcicolo for recorrente, persistente, muito doloroso ou acompanhado de outros sintomas neurológicos, é fundamental procurar um médico para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

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    Síndrome Tónica do Tensor do Tímpano (STTT)

    Síndrome Tónica do Tensor do Tímpano (STTT)

    A Síndrome Tónica do Tensor do Tímpano (STTT), também conhecida como síndrome tónica do tímpano ou síndrome da contração tónica do tímpano, é uma condição relativamente rara, mas desconfortável, que envolve a contração involuntária e persistente do músculo tensor do tímpano, um pequeno músculo localizado no ouvido médio. Esta contração pode ser acompanhada de outros sintomas auditivos e não auditivos.


    Sintomas

    Os sintomas da STTT podem ser variados e, por vezes, flutuantes:

    • Zumbido (tinnitus): É um dos sintomas mais comuns, frequentemente descrito como um som de clique, estalo, zumbido, crepitação ou mesmo um som semelhante ao de um trovão, que pode ser constante ou intermitente.
    • Sensação de plenitude ou pressão no ouvido: Como se o ouvido estivesse entupido ou cheio.
    • Dor de ouvido (otalgia): Que pode ser leve a moderada.
    • Sensibilidade ao som (hiperacusia): Os sons normais podem parecer excessivamente altos ou irritantes.
    • Vibração ou “tremores” no ouvido: A pessoa pode sentir o tímpano a vibrar.
    • Autofonia: A própria voz ou respiração da pessoa pode soar anormalmente alta no ouvido afetado.
    • Dificuldade em ouvir a própria voz: Paradoxalmente, apesar da autofonia, pode haver uma sensação de dificuldade em perceber a própria voz.
    • Sintomas não-auditivos: Ansiedade, stress, vertigens, náuseas e enxaquecas.

    Os sintomas podem ser desencadeados ou agravados por sons altos, ansiedade, stress, fadiga ou movimentos da mandíbula.


    Causas

    A causa exata da STTT ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que esteja relacionada com a disfunção do músculo tensor do tímpano. As teorias e fatores associados incluem:

    • Disfunção do músculo tensor do tímpano: O músculo contrai-se involuntariamente, e a sua função normal é tensionar a membrana timpânica para proteger o ouvido de sons muito altos e atenuar os sons internos do corpo (como a mastigação).
    • Stress e ansiedade: São frequentemente associados à STTT, podendo exacerbar as contrações musculares involuntárias.
    • Problemas na articulação temporomandibular (ATM): A proximidade do músculo tensor do tímpano com a ATM sugere uma possível ligação, onde a disfunção da ATM pode influenciar a atividade do músculo.
    • Lesões ou traumatismos cranianos/cervicais: Podem afetar a inervação ou a função do músculo.
    • Exposição a ruído excessivo: Pode levar à hiperatividade do músculo como mecanismo protetor.
    • Condições neurológicas: Em casos mais raros, pode estar ligada a certas condições neurológicas.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da STTT pode ser desafiante devido à sua raridade e à sobreposição de sintomas com outras condições. O diagnóstico é principalmente clínico, e envolve:

    • Histórico clínico detalhado: O médico irá questionar exaustivamente sobre os sintomas auditivos (tipo de zumbido, duração, frequência, fatores desencadeantes) e não auditivos, o histórico médico do paciente, níveis de stress e ansiedade.
    • Exame otoscópico: O exame do ouvido geralmente é normal, mas em alguns casos, o médico pode observar pequenas contrações do tímpano.
    • Audiograma: Um teste de audição para avaliar a função auditiva e descartar perda auditiva.
    • Timpanometria e reflexo estapédico: Podem ser usados para avaliar a mobilidade do tímpano e a função dos músculos do ouvido médio.
    • Eletroneuromiografia (ENMG) do músculo tensor do tímpano: Em casos mais complexos, pode ser considerada para registar a atividade elétrica do músculo, confirmando a sua contração involuntária.
    • Exames de imagem: Ressonância Magnética Nuclear (RMN) pode ser realizada para excluir outras causas de zumbido ou dor, como tumores ou problemas estruturais no cérebro ou ouvido interno.

    Tratamento

    O tratamento da STTT é complexo e muitas vezes requer uma abordagem multidisciplinar, visando o alívio dos sintomas e a melhoria da qualidade de vida. As opções incluem:

    • Medicação:
      • Relaxantes musculares: Podem ser prescritos para reduzir as contrações involuntárias do músculo.
      • Benzodiazepinas: Podem ajudar a gerir a ansiedade e as contrações musculares, mas o seu uso prolongado deve ser evitado.
      • Anticonvulsivantes: Como a carbamazepina ou gabapentina, que podem ser úteis para estabilizar a atividade nervosa.
      • Antidepressivos: Podem ser usados para tratar a ansiedade e a depressão associadas.
    • Terapia de relaxamento e gestão do stress: Técnicas como meditação, mindfulness, ioga ou terapia cognitivo-comportamental (TCC) são cruciais, dado o forte link entre stress e STTT.
    • Fisioterapia/Osteopatia: Especialmente se houver disfunção da ATM ou tensão muscular cervical associada.
    • Terapias sonoras: Dispositivos de masking ou terapia de reabilitação de zumbido podem ajudar a gerir o zumbido e a hiperacusia.
    • Injeções de toxina botulínica: Podem ser injetadas diretamente no músculo tensor do tímpano para paralisá-lo temporariamente e aliviar as contrações. Esta é uma abordagem mais invasiva e reservada para casos refratários.
    • Cirurgia: Em casos muito refratários e incapacitantes, onde outras abordagens falharam, pode ser considerada a tenotomia (corte) do tendão do músculo tensor do tímpano ou do músculo estapédio. Esta é uma opção de último recurso devido aos riscos inerentes à cirurgia do ouvido médio.

    Prevenção

    Devido à natureza complexa e, por vezes, idiopática da STTT, a prevenção direta é difícil. No entanto, algumas estratégias podem ajudar a gerir o risco ou a intensidade dos sintomas:

    • Gerir o stress e a ansiedade: Técnicas de relaxamento e uma boa saúde mental podem reduzir a probabilidade de contrações musculares relacionadas com o stress.
    • Proteger os ouvidos do ruído excessivo: Evitar a exposição prolongada a ambientes muito ruidosos para prevenir danos auditivos e a hiperatividade protetora do músculo tensor do tímpano.
    • Cuidar da saúde da ATM: Se houver sintomas de disfunção da articulação temporomandibular, procurar tratamento pode ajudar a prevenir a sobrecarga e tensão que podem afetar a região do ouvido.
    • Evitar desencadeadores conhecidos: Se a pessoa identificar sons específicos ou atividades que pioram os sintomas, deve tentar evitá-los.
    • Estilo de vida saudável: Uma dieta equilibrada, exercício físico regular e sono adequado contribuem para o bem-estar geral e podem ajudar a manter o sistema nervoso em equilíbrio.

    É fundamental procurar um médico otorrinolaringologista ou um neurologista para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado, dado que a STTT pode ser incapacitante e a sua gestão é individualizada.

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    Síndrome do chicote (whiplash)

    Síndrome do chicote (whiplash)


    A Síndrome do Chicote (Whiplash), ou lesão por efeito de chicote, é um tipo de lesão cervical que ocorre devido a um movimento rápido e brusco de extensão e flexão do pescoço, semelhante ao movimento de um chicote. Este movimento súbito e forçado provoca uma hiperextensão e, em seguida, uma hiperflexão da coluna cervical, resultando em danos aos tecidos moles (músculos, ligamentos, tendões) e, em casos mais graves, a estruturas ósseas ou nervosas.


    Sintomas

    Os sintomas da Síndrome do Chicote podem surgir imediatamente após o evento traumático ou desenvolver-se nas horas ou dias seguintes. A intensidade e a duração dos sintomas variam. Os mais comuns incluem:

    • Dor e rigidez no pescoço: É o sintoma mais frequente, localizada na nuca e que pode piorar com o movimento.
    • Dor que irradia: A dor pode espalhar-se para os ombros, parte superior das costas e até para os braços.
    • Dores de cabeça: Geralmente começam na base do crânio e podem irradiar para a testa.
    • Limitação da amplitude de movimento: Dificuldade em virar ou inclinar a cabeça.
    • Tonturas: Sensação de desequilíbrio ou vertigem.
    • Fadiga: Sensação de cansaço generalizado.
    • Parestesias: Formigueiro ou dormência nos braços e mãos (se houver compressão nervosa).
    • Alterações visuais: Visão turva ou dificuldade em focar.
    • Zumbidos nos ouvidos (tinnitus).
    • Dificuldade de concentração e problemas de memória.
    • Irritabilidade e alterações de humor.
    • Dificuldade em dormir.

    Causas

    A causa mais comum da Síndrome do Chicote são os acidentes de viação, especialmente as colisões traseiras, onde a cabeça é arremessada para a frente e para trás rapidamente. No entanto, outras situações que envolvem um movimento súbito e violento do pescoço podem causá-la, como:

    • Acidentes desportivos: Quedas ou impactos em desportos.
    • Quedas: Especialmente quedas em que a cabeça bate ou é violentamente sacudida.
    • Traumatismos diretos no pescoço ou cabeça.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da Síndrome do Chicote baseia-se numa avaliação médica completa e na exclusão de lesões mais graves.

    • Histórico clínico: O médico irá recolher informações detalhadas sobre o evento traumático, os sintomas (início, localização, intensidade, fatores que os agravam ou aliviam) e o histórico médico do paciente.
    • Exame físico: Inclui a avaliação da amplitude de movimento do pescoço, palpação dos músculos cervicais para identificar dor ou espasmos, e exame neurológico para verificar a força, sensibilidade e reflexos dos braços e mãos.
    • Exames de imagem: Geralmente são solicitados para descartar lesões mais graves, como fraturas, luxações ou hérnias discais. No entanto, a Síndrome do Chicote em si (lesão de tecidos moles) pode não ser visível nestes exames:
      • Radiografia (RX): Pode identificar fraturas ou desalinhamentos vertebrais.
      • Tomografia Axial Computorizada (TAC): Fornece imagens mais detalhadas dos ossos.
      • Ressonância Magnética Nuclear (RMN): É o exame mais útil para visualizar os tecidos moles (músculos, ligamentos, discos) e pode detetar hérnias discais, inflamação ou lesões da medula espinhal.

    Tratamento

    O tratamento da Síndrome do Chicote visa aliviar a dor, restaurar a função do pescoço e prevenir a cronicidade dos sintomas. A abordagem é geralmente conservadora:

    • Medicação:
      • Analgésicos: Para controlo da dor (paracetamol, AINEs).
      • Relaxantes musculares: Para aliviar espasmos e rigidez.
      • Antidepressivos ou gabapentinoides: Podem ser usados para gerir a dor crónica ou neuropática, se presente.
    • Fisioterapia: É um componente crucial do tratamento. Inclui:
      • Terapia manual: Massagens, mobilizações articulares.
      • Exercícios terapêuticos: Alongamentos suaves e exercícios de fortalecimento progressivo para restaurar a amplitude de movimento e fortalecer os músculos do pescoço e ombros.
      • Reeducação postural.
      • Modalidades: Aplicação de calor/frio, ultrassom ou eletroterapia para alívio da dor e relaxamento muscular.
    • Aplicação de calor ou frio: O calor ajuda a relaxar os músculos e o frio pode reduzir a inflamação aguda.
    • Repouso relativo: Evitar atividades que agravem a dor nas fases iniciais, mas manter a mobilidade é importante. O repouso excessivo pode atrasar a recuperação.
    • Colete cervical mole: O uso de colarinhos cervicais moles deve ser limitado a períodos curtos (alguns dias) na fase aguda, pois o uso prolongado pode levar ao enfraquecimento muscular e atrasar a recuperação.
    • Acupuntura: Pode ser considerada como uma opção para o alívio da dor em alguns pacientes.
    • Bloqueios nervosos: Em casos de dor persistente, podem ser realizadas infiltrações com corticosteroides ou anestésicos em pontos específicos.
    • Terapia cognitivo-comportamental: Pode ser útil para lidar com a dor crónica, o stress e a ansiedade associados.

    Prevenção

    A prevenção da Síndrome do Chicote foca-se principalmente na redução do risco em situações de impacto:

    • Ajustar corretamente o encosto de cabeça do veículo: Deve estar ao nível da parte de trás da cabeça (ou o mais próximo possível), para evitar a hiperextensão do pescoço em caso de colisão traseira.
    • Usar sempre o cinto de segurança: O cinto ajuda a manter o corpo contido no assento, minimizando o movimento do pescoço.
    • Condução defensiva: Manter uma distância segura para o veículo da frente e estar atento ao trânsito à sua volta.
    • Ergonomia no trabalho: Garantir que o posto de trabalho está ergonomicamente ajustado para prevenir tensões no pescoço.
    • Exercício físico regular: Fortalecer os músculos do pes pescoço e costas pode ajudar a torná-los mais resistentes a lesões.
    • Evitar quedas: Especialmente em casa, removendo tapetes soltos ou obstáculos.

    É importante procurar avaliação médica após qualquer evento que possa ter causado uma lesão por efeito de chicote, mesmo que os sintomas não sejam imediatos.

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