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Ptose da Pálpebra

A Ptose da Pálpebra, também conhecida como blefaroptose, é uma condição em que a pálpebra superior desce (cai), cobrindo parcial ou totalmente o olho. Esta queda pode ser mínima e quase impercetível, ou grave o suficiente para obstruir a visão. Pode afetar um (ptose unilateral) ou ambos os olhos (ptose bilateral).


Sintomas

O sintoma principal da ptose da pálpebra é a queda visível da pálpebra superior. Outros sintomas podem incluir:

  • Redução do campo de visão: Se a pálpebra cobrir a pupila, a visão pode ser parcialmente ou totalmente obstruída, especialmente a visão superior.
  • Esforço para levantar a pálpebra: A pessoa pode ter que inclinar a cabeça para trás (posição de “queixo para cima”) ou levantar as sobrancelhas para conseguir ver melhor.
  • Fadiga ocular: Devido ao esforço constante para manter o olho aberto.
  • Assimetria facial: Notória diferença na altura das pálpebras entre os dois olhos.
  • Olhos secos ou lacrimejamento excessivo: Devido à alteração na distribuição das lágrimas ou na proteção do olho.
  • Em crianças: A ptose pode levar a ambliopia (olho preguiçoso) se a pálpebra obstruir a visão e não for tratada precocemente.

Causas

A ptose da pálpebra pode ter diversas causas, classificadas principalmente como congénitas (presente ao nascimento) ou adquiridas:

1. Ptose Congénita:

  • Geralmente causada por um desenvolvimento insuficiente do músculo levantador da pálpebra superior (músculo elevador do pavilhão palpebral). Pode estar associada a outros problemas oculares.

2. Ptose Adquirida:

  • Aponeurótica (Involucional): É a causa mais comum em adultos. Ocorre devido ao alongamento, desinserção ou descolamento da aponeurose (uma fina folha de tecido) do músculo levantador da pálpebra, geralmente associada ao envelhecimento natural. O uso prolongado de lentes de contacto, cirurgias oculares prévias ou traumatismos também podem contribuir.
  • Neurogénica: Resulta de um problema no nervo que controla o músculo levantador. Exemplos incluem:
    • Paralisia do III Nervo Craniano (Oculomotor): Este nervo controla vários músculos oculares, incluindo o levantador da pálpebra. A paralisia pode ser causada por AVC, aneurismas, tumores ou inflamação.
    • Síndrome de Horner: Afeta o sistema nervoso simpático e, além da ptose, causa miose (pupila contraída) e anidrose (ausência de transpiração) no mesmo lado da face. Pode ser causada por tumores pulmonares, lesões na medula espinhal ou na carótida.
    • Miastenia Gravis: Uma doença autoimune que causa fraqueza muscular flutuante, que piora com a atividade e melhora com o repouso. A ptose é frequentemente o primeiro sintoma.
  • Mecânica: Causada por um peso extra na pálpebra que a impede de abrir totalmente, como tumores na pálpebra, quistos grandes, ou inchaço significativo.
  • Miopática: Resulta de problemas nos próprios músculos da pálpebra ou nos músculos oculares. Exemplos incluem distrofias musculares ou oftalmoplegia externa progressiva crónica.
  • Traumática: Lesão direta na pálpebra ou nos seus músculos.

Diagnóstico

O diagnóstico da ptose da pálpebra envolve um exame detalhado por um oftalmologista, e pode incluir:

  • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre o início da ptose, se é unilateral ou bilateral, se flutua ao longo do dia, e outros sintomas associados. É importante saber se há histórico familiar de ptose ou outras doenças.
  • Exame oftalmológico completo: Inclui a medição da altura da pálpebra, a função do músculo levantador da pálpebra, e a simetria das pálpebras.
  • Testes específicos:
    • Teste da Fenilefrina ou Gota de Cocaína: Pode ser usado para ajudar a diagnosticar a Síndrome de Horner.
    • Teste do gelo: Aplicar gelo na pálpebra para ver se a ptose melhora, o que pode sugerir miastenia gravis.
    • Exames de sangue: Para procurar anticorpos associados à Miastenia Gravis ou outras condições sistémicas.
    • Exames de imagem: TAC (Tomografia Axial Computorizada) ou RMN (Ressonância Magnética Nuclear) do cérebro, órbita ou tórax podem ser solicitados para identificar tumores, aneurismas ou outras anomalias estruturais que possam estar a causar a ptose neurogénica.

Tratamento

O tratamento da ptose da pálpebra depende da sua causa e da gravidade da condição:

  • Tratamento da causa subjacente: Se a ptose for causada por uma doença específica (ex: Miastenia Gravis, Síndrome de Horner, tumor), o tratamento dessa doença pode resolver ou melhorar a ptose.
  • Cirurgia (Ptose Cirurgia): É o tratamento mais comum para a ptose aponeurótica e congénita, e é realizada por um cirurgião oftalmologista especialista em oculoplástica. O objetivo é levantar a pálpebra para melhorar a visão e a estética. As técnicas cirúrgicas variam dependendo da causa e da função do músculo levantador:
    • Avanço ou encurtamento do músculo levantador: A técnica mais comum.
    • Suspensão frontal: Utiliza o músculo da testa para levantar a pálpebra, indicada em casos de função deficiente do músculo levantador (comum em crianças com ptose congénita grave).
  • Tratamentos não cirúrgicos:
    • Colírios (gotas oculares): Podem ser usados para a síndrome de Horner leve (com prescrição médica).
    • Óculos especiais: Em alguns casos, óculos com um apoio que segura a pálpebra podem ser uma opção temporária ou para quem não pode fazer cirurgia.
    • Monitorização: Para ptose leve e não progressiva, pode ser apenas monitorizada.

Prevenção

A prevenção da ptose da pálpebra é limitada, pois muitas causas (como o envelhecimento ou condições congénitas) não podem ser prevenidas. No entanto, algumas medidas podem ajudar:

  • Proteção ocular: Evitar traumatismos oculares pode reduzir o risco de ptose traumática.
  • Manuseio cuidadoso das lentes de contacto: O uso prolongado e a remoção agressiva das lentes de contacto podem contribuir para a ptose aponeurótica.
  • Gerir condições médicas: Controlar doenças como diabetes ou hipertensão pode reduzir o risco de complicações que afetam os nervos.
  • Exames médicos regulares: Especialmente se houver histórico familiar de condições neurológicas ou musculares.

Em crianças, a deteção e o tratamento precoces da ptose são cruciais para prevenir a ambliopia e garantir o desenvolvimento visual normal.