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Paralisia Facial

A Paralisia Facial é uma condição caracterizada pela fraqueza ou paralisia dos músculos de um lado da face, resultando na impossibilidade de mover essa metade do rosto. É causada por uma disfunção do nervo facial (VII nervo craniano), que é responsável por controlar as expressões faciais, o fecho dos olhos, a sensibilidade do paladar em parte da língua e a produção de lágrimas e saliva. A forma mais comum é a Paralisia de Bell, que é idiopática (sem causa conhecida) e geralmente temporária.


Sintomas

Os sintomas da paralisia facial geralmente surgem de forma súbita, em poucas horas ou num dia, e afetam apenas um lado da face:

  • Queda da face: Um lado do rosto parece “cair”, com a boca desviada para o lado oposto.
  • Dificuldade em controlar expressões faciais: Incapacidade de sorrir, franzir a testa, levantar a sobrancelha ou fechar o olho no lado afetado.
  • Problemas com o olho: O olho do lado afetado pode não fechar completamente, levando a olho seco, lacrimejamento excessivo ou irritação.
  • Dificuldade em comer e beber: Alimentos e líquidos podem escapar pelo canto da boca do lado paralisado.
  • Perda ou alteração do paladar: Em parte da língua.
  • Alteração na produção de saliva e lágrimas: Diminuição ou aumento.
  • Dor: Pode haver dor atrás da orelha ou na face, antes ou durante o início da paralisia.
  • Aumento da sensibilidade ao som (hiperacusia): No ouvido do lado afetado.

Causas

A causa mais comum de paralisia facial é a Paralisia de Bell, que corresponde a cerca de 60-75% dos casos e é idiopática (sem causa aparente). No entanto, pensa-se que possa estar associada a:

  • Infeções virais: O vírus Herpes Simplex (o mesmo que causa o herpes labial) é o principal suspeito, mas outros vírus como o vírus da varicela-zoster (que pode causar Síndrome de Ramsay Hunt), citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, entre outros, também podem estar implicados. A inflamação e inchaço do nervo facial são uma resposta a estas infeções.
  • Traumatismos: Fraturas do crânio ou lesões na face que afetem o nervo facial.
  • Infeções do ouvido: Otite média ou outras infeções.
  • Tumores: Raramente, um tumor (por exemplo, no nervo acústico ou na glândula parótida) pode comprimir o nervo facial.
  • Doenças neurológicas: Esclerose Múltipla, AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou infeções do sistema nervoso central. No caso do AVC, a paralisia facial é geralmente incompleta e afeta predominantemente a parte inferior da face, permitindo ainda ao paciente franzir a testa.
  • Doença de Lyme: Uma infeção bacteriana transmitida por carraças.
  • Complicações cirúrgicas: Lesão do nervo facial durante cirurgias na face ou na cabeça.

Diagnóstico

O diagnóstico da paralisia facial é principalmente clínico, baseado na observação dos sintomas e na exclusão de outras causas mais graves:

  • Histórico clínico: O médico irá questionar sobre o início e a evolução dos sintomas, histórico de infeções ou traumatismos, e outras condições médicas.
  • Exame físico e neurológico: O médico irá avaliar a capacidade de mover os músculos faciais (pedindo para sorrir, franzir a testa, fechar os olhos, mostrar os dentes), a simetria da face em repouso e em movimento, e a presença de outros défices neurológicos que possam indicar uma causa diferente da Paralisia de Bell.
  • Exames complementares (se houver suspeita de outras causas):
    • Análises de sangue: Para detetar infeções (ex: Doença de Lyme) ou outras condições inflamatórias.
    • Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ou Tomografia Axial Computorizada (TAC) da cabeça: Podem ser solicitadas para excluir tumores, AVC ou outras lesões cerebrais que possam estar a causar a paralisia.
    • Eletroneuromiografia (ENMG): Pode ser realizada para avaliar a extensão da lesão do nervo facial e o seu potencial de recuperação, especialmente em casos em que a recuperação é lenta ou incerta.

Tratamento

O tratamento da paralisia facial depende da causa subjacente. No caso da Paralisia de Bell, o tratamento visa acelerar a recuperação e prevenir complicações:

  • Corticosteroides (ex: Prednisolona): São o tratamento mais importante para a Paralisia de Bell e devem ser iniciados o mais rapidamente possível (idealmente nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas) para reduzir a inflamação e o inchaço do nervo facial, aumentando as chances de recuperação completa.
  • Antivirais (ex: Aciclovir, Valaciclovir): Podem ser prescritos em combinação com corticosteroides, embora a sua eficácia isolada seja debatida na Paralisia de Bell. São mais claramente indicados na Síndrome de Ramsay Hunt.
  • Proteção ocular: Como o olho pode não fechar completamente, é crucial protegê-lo para evitar lesões. Isso inclui:
    • Gotas lubrificantes (lágrimas artificiais) durante o dia.
    • Pomada ocular à noite.
    • Oclusão do olho com fita adesiva ou penso durante o sono.
    • Óculos de sol para proteger do vento e da luz.
  • Fisioterapia: É essencial para manter o tónus muscular, prevenir contraturas e ajudar na reeducação dos movimentos faciais. O fisioterapeuta pode ensinar exercícios específicos para estimular os músculos e evitar a atrofia.
  • Cirurgia: Raramente é necessária para a Paralisia de Bell. Pode ser considerada em casos de compressão severa do nervo ou se houver outras causas tratáveis cirurgicamente (ex: remoção de um tumor). Em casos de sequelas permanentes, podem ser realizadas cirurgias estéticas ou de reanimação facial.

Prevenção

A Paralisia de Bell, por ser idiopática, não tem uma forma de prevenção específica. No entanto, é possível prevenir algumas das causas secundárias de paralisia facial:

  • Vacinação: A vacinação contra a varicela pode reduzir o risco de infeções por Varicella-Zoster.
  • Controlo de doenças subjacentes: Gerir condições como a diabetes, que podem aumentar o risco de neuropatias.
  • Prevenção de traumatismos: Usar equipamentos de proteção em desportos de contacto ou em atividades de risco.
  • Tratamento precoce de infeções: Tratar atempadamente infeções do ouvido.
  • Higiene para evitar o herpes labial: Embora não previna a Paralisia de Bell diretamente, pode reduzir a recorrência de herpes.

A maioria dos casos de Paralisia de Bell recupera total ou quase totalmente em algumas semanas ou meses. No entanto, é fundamental procurar atendimento médico logo que os sintomas surjam para um diagnóstico preciso e início rápido do tratamento.